Atenção, empresários: disparam os juros do cheque especial e do cartão

Publicado em 25/06/2015

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Se está difícil ficar com as contas no azul e as entradas estão menores do que as saídas, está na hora de revisar todas as práticas de gestão financeira da empresa, o que também inclui negociar com clientes e fornecedores. Neste ano de economia enfraquecida, o empresário deve evitar a dependência do crédito bancário - principalmente de linhas pré-aprovadas, que geralmente embutem as maiores taxas. Segundo dados de maio divulgados pelo Banco Central, a linha de maior custo para as empresas foi o rotativo (pagamento mínimo da fatura) do cartão de crédito - cuja taxa média avançou de 214,40% ao ano para 221,5% ao ano de abril para maio. No mês, corresponde a 10,22%. A inadimplência nessa linha subiu de 15,6% em abril para 16,2% em maio. Para as empresas, a linha de crédito que teve maior avanço em maio, no entanto, foi a de financiamento de exportações - o crédito em moeda estrangeira - que passou de 10,7% ao ano em abril para 18,1% ao ano em maio. O aumento foi de 7,4 pontos percentuais (p.p.) em um mês. A taxa média das linhas de capital de giro com juros subsidiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) subiram de 9,3% ao ano para 13,3% ao ano, com um aumento de 4 p.p. Ao mês, o juro médio equivale a 1,05%. O cheque especial do empresário também ficou mais salgado. A taxa passou de 207,1% ao ano em abril para 211% em maio - o que equivale a um juro médio de 9,92% ao mês. Para se ter uma ideia, em igual mês de 2014, a taxa era de 165,2% ao ano, ou 8,47% ao mês. O índice de calotes no cheque especial também subiu de 14,7% para 16,3% de um mês para ou outro. Não só para as empresas, mas também para os consumidores as taxas do crédito com limite pré-aprovado estão subindo. Para a pessoa física, o avanço dos juros do cheque especial foi de 226% em abril para 232% em maio - ou 10,52% ao mês. No rotativo do cartão de crédito, o golpe foi maior: um aumento de 13,1 p.p. em um mês. A taxa passou de 347,5% ao ano em abril para 360,6% em maio. Isso significa que o consumidor que efetua apenas o pagamento mínimo da fatura está pagando em média 13,57% ao mês apenas em juros. Silvio Paixão, professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), diz que o pequeno empresário deve pensar em três coisas neste ano: em diminuir o compromisso financeiro e zerar o endividamento, cortar custos e negociar com fornecedores e clientes na base do ganha ganha. Paixão diz que o mais importante no primeiro quesito é não depender da linha de crédito dos bancos para manter a operação funcionando. Outra forma de se comprometer financeiramente - e que deve ser repensada - é com os investimentos. "Antes de investir, projete diferentes cenários e só dê prosseguimento a um projeto que tenha 80% de chances de dar certo no pior cenário da economia", diz. O professor diz que os empresários têm de adotar uma postura defensiva durante a crise, de forma que estejam preparados para o desconforto de uma queda de faturamento prolongada. "Essa recessão não terá tanta intensidade, mas não será curta. O empresário deve reduzir custos nos quais não presta atenção, como com a água e a energia. Nem que tenha de buscar alternativas de reúso e se reinventar. Para isso, precisará estudar a possibilidade de substituir um equipamento, ou mudar o processo produtivo para economizar, sem que isso gere dispêndios ao caixa", afirma. Na hora de cortar custos, ele diz que é preciso conhecer o próprio negócio para saber se está competitivo e com produtividade. "Em época de crise, a concorrência é contundente e o ambiente é de guerra", diz. Justamente nos períodos difíceis, é preciso negociar com fornecedores e um bom caminho é com um discurso de ganha ganha. Isso porque a gestão do fluxo de caixa deve ser feita de forma que os recebimentos ocorram no prazo mais curto possível e as saídas (no caso, pagamento a fornecedores) sejam alongadas. Mas a negociação não é fácil, pois ambas as partes buscam o oposto. Uma dica, neste sentido, é usar o raciocínio que as factorings adotam - que é o de negociar a duplicata a receber com o fornecedor. "Então se eu vender a prazo utilizo as duplicatas a prazo para pagar o fornecedor. É um jeito de ajustar isso, sem ter de pagar taxas. É chamar o fornecedor para comprar o contas a receber da empresa. E o raciocínio é o de ganha ganha, no qual dou parte do faturamento a receber para que o outro me forneça. Em períodos de crise é preciso que todos remem juntos para atravessar a corredeira e não deixar o barquinho virar", completa. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.