Consumidor prudente, mas endividado

Publicado em 21/07/2014

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O brasileiro está usando o crédito para consumo de maneira mais equilibrada, aponta pesquisa da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). De acordo com o levantamento, a inadimplência registrou queda entre os jovens, na faixa dos 31 aos 35 anos, passando de 22% para 19% do primeiro para o segundo trimestre do ano. No entanto, entre a população com idade superior a 56 anos, foi constatado crescimento de 13% para 17% em igual período. Os dados foram divulgados ontem em entrevista coletiva online. O fato de a inadimplência ter caído entre uma parcela jovem da população foi comemorado por Fernando Cosenza, diretor de Marketing, Inovação e Sustentabilidade da Boa Vista SCPC. Segundo ele, tesse segmento soube lidar melhor com o orçamento mais apertado, consequência do aumento da inflação e dos juros. Mas Cosenza observou que a população mais jovem costuma ter menos compromissos fixos, como mensalidade escolar dos filhos, por exemplo. Cautela – Do total de mil entrevistados, 62% eram homens e 38% mulheres. O estudo apurou que cresceu de 65% para 77% a proporção de pessoas que afirmaram que não estão comprometidas com dívidas nos próximos meses. Este dado reforça a constatação de que a população adotou uma postura mais cuidadosa nos últimos meses, algo que já está se refletindo na administração do orçamento familiar. "Desde 2012 há sinais do amadurecimento e da cautela da população. O fato da inadimplência ter sido causada por apenas uma dívida já mostra maior maturidade por parte dos consumidores. Eles estão mais preocupados, pois neste trimestre 40% consideraram tque sua situação financeira está melhor, contra 52% na pesquisa anterior", explicou Cosenza, lembrando que a percepção de piora saltou de 17% para 22%. Dívida menor – O nível de endividamento e de comprometimento da renda das famílias com a quitação destes compromissos também foi pesquisado. Um total de 38% dos respondentes que se encontram em situação de inadimplência se declararam pouco endividados. Este resultado é quatro pontos percentuais superior ao nível observado no primeiro trimestre deste ano. Ao mesmo tempo, 36% acreditam estar mais ou menos endividados e 26% se autoclassificaram muito endividados. A maior parte dos pesquisados (42%) trabalha na iniciativa privada. Entre os que se declararam autônomos a parcela de inadimplentes passou de 19% para 27% do primeiro para o segundo trimestre. Na avaliação do diretor da Boa Vista SCPC, esses porcentuais demonstram o enfraquecimento do mercado de trabalho e a redução da renda dos brasileiros, fatores que contribuíram para quitar os compromissos como as contas fixas mensais. Ele lembrou, também, que já não se observam as correções salariais acima dos índices da inflação como costumava ocorrer anteriormente. Causas – Quanto ao valor total de suas pendências, 36% dos entrevistados situaram os débitos entre R$ 500 e R$ 2 mil e para 32% os valores eram de até R$ 500. Outros 32% têm dívidas superiores a R$ 4 mil. E 99% disseram estar em condições de quitá-las, resultado também considerado positivo pelo diretor, já que o País atravessa uma fase de redução no ritmo de criação de postos de trabalho. O estudo também detectou que 54% dos inadimplentes são da classe C e 39% pertencem à B. O desemprego e o descontrole financeiro continuam como as principais causas da inadimplência, como apontaram, respectivamente, 33% e 22% dos entrevistados. Há dois anos, o ritmo de criação de postos de trabalho era bem maior, mas mais pessoas deixavam um emprego para procurar outro mais vantajoso e temporariamente deixava de cumprir com alguns compromissos. Segundo Cosenza, uma parte da população tem encontrado outros empregos, mas ainda necessita de reservas para atravessar estes períodos e isso tem ocorrido mais frequentemente nas classes C e D. Entre as modalidades de pagamento utilizadas na compra que gerou a inadimplência destacaram-se o cartão de crédito (29%), seguido do carnê e do boleto (28%), cheque (16%) e empréstimo pessoal (13%). As compras de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos foram apontadas por 20% dos entrevistados como as causadoras da inadimplência. Vestuário e calçados foram informados por 18% dos ouvidos pesquisados. A maioria dos inadimplentes (66%) não pretende realizar novas compras antes de quitar as dívidas anteriores, o que mostra maturidade por parte dos consumidores. Entre aqueles que conseguirem quitar seus compromissos, 40% disseram que prestendem adquirir um veículo e 19% citaram a intenção de adquirir imóveis. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.