Consumo de massa deve crescer 15% até 2019 no Brasil

Publicado em 27/03/2015

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O Brasil é o terceiro maior mercado de massas do mundo, com um faturamento anual superior a US$ 2,2 bilhões, atrás dos Estados Unidos (US$ 2,7 bilhões) e da Itália (US$ 3,6 bilhões), de acordo com levantamento da Abimapi, associação do setor. De 2009 a 2014, as vendas de massas no país cresceram 20,6% acima da média mundial (18,3%). E as perspectivas são ainda mais favoráveis para o Brasil: até 2019, o setor deve crescer 6,6% no mundo e mais do que o dobro no Brasil (15,4%), de acordo com a consultoria Euromonitor. A exemplo do que ocorreu em outros setores da economia, as indústrias de massas também tiveram de criar novos produtos para atender os consumidores com menor poder aquisitivo, da base da pirâmide, para crescer ou mesmo manter o ritmo de vendas. Foi o que fez a italiana Barilla, especializada em massa grano duro (uma variedade especial de trigo). Em parceria com um fabricante local, a empresa, que trouxe os produtos para o Brasil em 1998, lançou uma linha de massas com ovos e farinha comum, em 2013. Com isso, conseguiu elevar em 80% o faturamento de 2012 para 2013 e mais 50% em 2014. E, para este ano, a previsão é obter um faturamento 20% superior ao de 2014. De tudo o que vende, só 3% são produtos com a receita tradicional da companhia. A alta do dólar teve impacto na empresa, até porque boa parte dos produtos é importada. “Não estamos repassando tudo para os preços. Em janeiro, os aumentos de preços das massas no país foram de 5% a 7%”, afirma Maurízio Scarpa, diretor-geral da filial brasileira da Barilla (na foto que abre esta reportagem). O ajuste pelo qual deve passar a economia preocupa a empresa. “Mas não é algo para se desesperar", afirma. "O brasileiro olha preço em momento de crise, mas, ao mesmo tempo, percebemos que ele quer cada vez mais massa de qualidade.” Com planos de faturar até R$ 345 milhões no país até 2020, será que a Barilla erguerá uma fábrica no Brasil? “Não, por enquanto. Só estamos atentos às oportunidades que possam surgir”. Leia a seguir os principais trechos da entrevista com Maurizio Scarpa. O consumidor está mais cauteloso na hora de gastar, até porque está com o orçamento mais comprometido. A Barilla já sentiu isso no caixa? Ainda não. Nós fizemos vários lançamentos de produtos nos últimos anos. Por isso, de 2012 para 2013, crescemos em faturamento e em volume 80% no Brasil. De 2013 para 2014, mais 50%. E prevemos crescer mais 20% neste ano. Agora, se considerarmos os mesmos produtos, eu diria que estamos em uma situação estável, mas ainda não abaixo do ano anterior. A inflação está em alta. A Barilla aumentou os preços? Neste início de ano, nós reajustamos entre 5% e 7% os preços das nossas massas por conta dos aumentos de preços das matérias primas. A alta do dólar foi muito maior do que isso. Nós estamos absorvendo uma parte desses custos para não repassar para o consumidor. A Barilla importa tudo o que vende no Brasil? A massa da caixinha azul, com a massa grano duro, é importada da Itália. E a massa vendida em saco celofane, com ovos, é fabricada para por terceiros. O Brasil é o terceiro maior mercado do mundo em consumo de massa. A Barilla tem planos de se instalar por aqui? Não, ainda não. Estamos atentos às oportunidades que possam surgir no mercado brasileiro, como aquisições de empresas, joint-ventures, mas futuramente. Por enquanto, não existe nada acertado. A crise brasileira preocupa a matriz italiana? Olha, a crise preocupa todo mundo, claro. Por sorte, nós estamos em um momento bom no Brasil. Estamos com algumas ações promocionais. Mas, com certeza, este é um momento de atenção, um momento delicado para o país, mas não é para desespero, não. Pesquisas indicam que os consumidores estão trocando produtos mais caros por mais baratos e até substituindo categorias de produtos para comprometer menos o orçamento. Como a Barilla vê este movimento? O brasileiro está procurando consumir massa de melhor qualidade. O consumo de massas de baixa qualidade, as sub categorias de massas estão sendo menos procuradas. O fato é que o mercado brasileiro de massas está consolidado, portanto, cresce pouco. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.