Três aplicações para evitar neste ano

Publicado em 30/03/2015

Tempo de Leitura • 5 min

O ciclo de aumento da taxa básica de juros Selic, que hoje está em 12,75% ao ano, elevou os ganhos da renda fixa e este é o momento de observar se há dinheiro parado em aplicações que estão dando prejuízo. É preciso observar se o rendimento está baixo demais, a ponto de não repor a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que, em fevereiro, foi de 1,22%. Outra questão que faz da aplicação um mico são as taxas de administração e de carregamento, que reduzem ainda mais o retorno na hora da retirada. Especialistas em finanças pessoais elegem os três micos que podem estar na cesta de investimento dos pequenos aplicadores, e explicam porque sair deles o quanto antes. Eles também sugerem um destino melhor para que o dinheiro possa crescer neste ano de desafios. POUPANÇA A caderneta rendeu apenas 0,59% em fevereiro, bem menos do que a inflação do mês passado, que foi de 1,22%. “Vivemos no país da renda fixa e nada leva a crer que isso mude. Dos 50 principais países do mundo, o Brasil tem a maior taxa de juros. Então é preciso aproveitar isso. O retorno da caderneta não está garantindo o poder de compra”, diz Samy Dana, professor de finanças da EAESP-FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas). Por comodismo, muitos investidores deixam o dinheiro na caderneta. Afinal, é uma aplicação popular, simples, isenta de Imposto de Renda (IR) e que permite o resgate a qualquer momento. Essa simplicidade faz da caderneta a melhor aplicação para iniciar o hábito de poupar e acumular até conseguir uma boa taxa para investir em outros instrumentos mais rentáveis. Mauro Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest, diz que uma alternativa para quem tem a partir de R$ 1 mil na poupança é pesquisar os fundos referenciados DI (Depósito Interbancário) com possibilidade de resgate diário e taxa de administração de no máximo 1%. “Uma aplicação nessas condições é melhor do que a poupança. A rentabilidade dos fundos, mesmo com taxas e impostos será de 0,65% a 0,70% ao mês”, sugere Calil. TÍTULOS DE CAPITALIZAÇÃO “Esse é um mico permanente, independentemente do cenário para a taxa de juros, porque não é investimento e sim sorteio”, diz Calil. A aplicação do dinheiro em títulos de capitalização em casos poucos não corrige nem a inflação do período, segundo o especialista. O atrativo dos títulos é a possibilidade de ganhar muito dinheiro em um sorteio. Só que, segundo Calil, o banco acaba aplicando o recurso e ganhando juros em cima disso. “O fato é que acaba sendo uma forma de captar, receber juros e repassar pouco ou quase nada para quem comprou o título de capitalização”, diz. No lugar da ilusão de ganhar muito em um sorteio, o pequeno aplicador que colocou recursos nesses títulos deve avaliar investir em outras aplicações. Jansen Costa, planejador financeiro certificado com o CFP (Certified Financial Planner), diz que é possível aplicar mesmo com pouco dinheiro, ou a partir de R$ 30, em títulos do Tesouro Nacional. No entanto, dificilmente os bancos indicam esse caminho, pois têm interesse em vender produtos próprios. Para aplicar nos títulos públicos, o pequeno aplicador deve abrir conta em uma corretora – há casas que não cobram taxas – para comprar os títulos. No entanto, há incidência de Imposto de Renda sobre o rendimento no resgate. Nesse momento, deve escolher entre títulos pós-fixados (pagam a variação da Selic no vencimento e resgate) e prefixados (com rentabilidade definida no ato da compra). “Neste momento indico títulos pós-fixados, que correm menos risco de perder o valor caso a pessoa precise resgatar o dinheiro antes do vencimento. Outra dica importante na hora de investir é verificar se há a possibilidade de resgatar o dinheiro em caso de emergência”, diz. PREVIDÊNCIA E SEGUROS Quando se fala em previdência e seguros de vida, é importante lembrar que o objetivo principal de ambos é a proteção contra a falta de dinheiro na terceira idade e da família diante de imprevistos que podem acontecer ao titular do plano. Mas na hora de conversar com o gerente do banco, invariavelmente ele oferece produtos de proteção como aplicação financeira, como um porto seguro para deixar o dinheiro. E aí ocorre uma distorção que prende o pequeno aplicador: se ficar arrependido não pode sacar todo o montante por causa dos impostos no resgate, e acaba tendo um rendimento baixo, pois paga taxa de administração e de carregamento. “Quem procura uma aplicação para deixar por um ano não deve colocar em plano ou fundo de previdência. É uma estratégia errada porque a tributação é alta”, diz Calil. Só se aplica em plano de previdência se o objetivo for mesmo ter uma renda na aposentadoria ou mesmo a intenção de sacar depois de 10 anos ou mais, quando a tributação pode ser de 10%. “Fora este caso não vale a pena porque o rendimento tem sido baixo, de 0,8% ao mês dependendo do tipo de plano, que pode ser mais atrelado à renda fixa ou à bolsa”, diz. Os especialistas avaliam que as pessoas acabam aceitando a previdência como uma aplicação financeira porque não olham para todos os detalhes – apenas para a possibilidade de abater 12% no Imposto de Renda (IR), que é uma vantagem do PGBL (Plano Gerador de Vida Livre). “É uma ilusão porque na hora do resgate, o imposto incidirá sobre toda a soma guardada na previdência e não só sobre os rendimentos”, afirma. O especialista explica que se a pessoa tem um valor superior a R$ 5 mil e pode esperar para resgatar em um ano há opções mais interessantes para aplicar o dinheiro sem pagar IR e nem as taxas de administração e carregamento. É o caso das LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), que rendem um percentual do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, taxa praticada entre bancos) e são asseguradas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). No entanto, ele dá um alerta para quem vai pesquisar: “Como os juros estão altos, evite entrar em aplicação de renda fixa com retorno menor que 0,9% ao mês”, diz. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.