Use uma bússola para navegar no mar de informações

Publicado em 13/10/2014

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O que vai acontecer com a economia no ano que vem? Será melhor para a renda variável? Mas tenho prazo para isso? Então terei que ficar na renda fixa? Mas quanto devo aplicar? O desejo de se antecipar aos fatos ou mesmo reunir dados para tomar uma decisão sobre onde aplicar o dinheiro gera tantas dúvidas que, a cada questão, outras tantas surgem e, no final, acabam atrapalhando a decisão de investir. Para cada pergunta, uma informação. Informação é necessária, mas quanto mais a pessoa tem, mais difícil será fazer uma escolha. E isso é natural, pois o cérebro não está mesmo preparado para o excesso de informação disponível em tantos canais – no banco, nos jornais, na internet, na conversa com os amigos, nas redes sociais. E antes que essa reportagem se torne mais um obstáculo nesse sentido para o leitor, um aviso: nós, humanos, estamos sujeitos a essa dificuldade. E um jeito de lidar com isso, segundo especialistas, é ter calma e criar filtros e roteiros, de acordo com os próprios objetivos, antes de pesquisar. "O excesso de informação causa sobrecarga cognitiva. A cabeça não tem condição de processar tantos dados de uma vez só e, no final, acaba simplificando e selecionando a informação de maneira pouco precisa. Temos uma espécie de limite de atenção, ou seja, de processamento de dados mesmo. E, quando está esgotada, a tendência é ir pelo que tem destaque maior ou pelo que mais se repete. O que fica marcado na memória é um viés de comportamento, o da saliência", explica a psicóloga econômica Vera Rita de Mello Ferreira, que faz parte do Núcleo de Estudos Comportamentais da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo ela, o viés de saliência é um tipo de familiaridade que a pessoa cria com uma informação antes e tende a achar que ela é verdadeira. "Por um lado, temos a incerteza do futuro. E de outro o excesso de informação sobre investimentos, o que gera conflito na hora de fazer uma escolha. Os prospectos desses produtos têm 400 páginas e isso gera uma certa rejeição mesmo porque gostamos do que é simples", completa. Vera Rita diz que um dos riscos de lidar com tanta informação é a paralisia na hora da escolha que, depois, leva a pessoa a tomar qualquer decisão para se livrar dessa sensação. "Um exemplo é o de quem leva seis meses pesquisando um imóvel para comprar e acha que está fazendo tudo com a maior calma do mundo, mas se não fecha um negócio não adianta nada. É tanta informação. Para se livrar desta paralisia causada pela sobrecarga, acaba escolhendo qualquer um. Quando a pessoa estiver neste ponto de esgotamento, o melhor é sair um pouco e parar de pensar e de mexer naquilo", recomenda Vera. Opções demais atrapalham Quando o assunto é investimento, o excesso de informação acaba sendo mais um inimigo do que um aliado. Pelo menos é o que relataram 80% de um total de 115 universitários, com idade de 20 a 30 anos, que fizeram um curso de finanças pessoais da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) no campus Santo Amaro da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas). Para eles, as muitas opções oferecidas no mercado financeiro são vistas como um obstáculo sobre onde aplicar o dinheiro. "O processo de tomada de decisão é dificultado por causa das muitas opções. No mercado há fundos, CDBs (Certificados de Depósito Bancários), títulos do Tesouro, poupança, ações. E dentro do cardápio de cada uma dessas aplicações há mais uma série de alternativas. O que acontece é que, na verdade, o jovem tem de entender o que ele precisa e quais são seus objetivos. Isso é algo que nenhum especialista sabe", explica Ana Leoni, superintendente de educação da Anbima. Ela diz que isso é importante, mesmo quando a pessoa responde o questionário de Análise do Perfil do Investidor (API), que tem mais a função de medir a tolerância ao risco. A partir do resultado do questionário, as próprias instituições financeiras oferecem um cardápio. "O projeto que fizemos com os jovens mostra que 68% deles contam com a ajuda de alguém. É como ir ao médico com dor de cabeça. Precisa escolher a especialidade certa e buscar a orientação mais adequada e confiável. E o mais importante é que a escolha final sempre seja do investidor, que não pode terceirizar a decisão. O primeiro investimento que a pessoa deve fazer é em tempo, para entender no que está investindo", diz Ana. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.


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