Como o racionamento de energia pode afetar a economia em 2015

Publicado em 26/01/2015

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Um dos principais temores relatados por empresários brasileiros e estrangeiros presentes no Fórum Econômico Mundial, em Davos, é a possibilidade de racionamento de energia. Analistas dizem que o impacto na economia seria bem menor do que no apagão de 2001, algo em torno de 0,5 ponto percentual. Mas, como o Produto Interno Bruto (PIB) já está rodando perto de zero, isso significa que a restrição na oferta de energia levaria o Brasil à recessão. O efeito exato do racionamento na economia é difícil de ser quantificado, até porque existem diversas incertezas sobre como e quão longa seria essa restrição. A consultoria PSR, especializada no setor de energia, estima que o risco de corte no fornecimento já passa de 50% nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Também se trabalha com uma redução na carga de 5% a partir de maio, mas a necessidade desse percentual só deve ficar mais clara ao fim do período chuvoso. Uma empresa do setor de geração e distribuição estima um corte de 10% durante um período de oito meses. Com base em uma estimativa de corte de 5% a 10%, Fernando Camargo, sócio da consultoria LCA, projeta que o racionamento tenderia a tirar cerca de 0,5 ponto percentual do PIB se tomado isoladamente, ou seja, eliminando todas as outras variáveis. Atualmente, a consultoria estima crescimento zero para o PIB neste ano, o que ainda não leva em conta inteiramente o risco de apagão. O economista-chefe do HSBC para América Latina, Andre Lóes, é autor de um relatório que estimou forte impacto no PIB no racionamento ocorrido em 2001. No primeiro trimestre daquele ano, a economia vinha crescendo a uma taxa de 4% no acumulado de quatro trimestres, mas terminou o ano a um ritmo de 1,3%, ou seja, uma queda de 2,7 pp. "Não se pode afirmar tudo foi por conta do racionamento, já que 2001 também foi o ano do default da Argentina, mas cerca de 1,7 pp da queda pode ser atribuído à restrição de energia", afirmou. Naquele ano, o apagão estabeleceu corte de 20% por um período de oito meses. Lóes pondera que um racionamento hoje teria um impacto muito menor no PIB. Isso porque como esse risco já vem sendo aventado desde o ano passado, muitos investidores já reviram decisões de investimento. Além disso, com os níveis de confiança de empresas e famílias já bastante baixos, não haveria muito para onde cair. Ele prefere não prever um impacto do racionamento no PIB, mas diz que, se realmente isso se confirmar, sua previsão atual, de contração de 0,5% da economia, teria de ser revista para baixo. Camargo, da LCA, também traça diferenças entre a situação em 2001 e agora. Segundo ele, um racionamento hoje tenderia a ter um impacto menos disseminado, com efeito pontual sobre grandes consumidores, que já estão com margens bastante apertadas e assim simplesmente interromperiam a produção. É o caso de siderúrgicas e produtoras de alumínio. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.