Inadimplência das empresas em julho foi a mais alta desde 2011

Publicado em 31/08/2015

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A inadimplência das empresas ajudou a puxar para cima o índice de calotes do Banco Central no mês de julho. Isso ocorre em um cenário de aumento generalizado das taxas de juros nas principais linhas de crédito utilizadas pelas pessoas jurídicas. E quem mais tem tido problemas, segundo avaliação do Banco Central, é a pequena empresa. Enquanto a inadimplência do consumidor no crédito livre (com recursos captados por bancos) avançou 0,1 ponto percentual de junho para julho (de 5,3% para 5,4%), o da empresa subiu 0,2 ponto - de 3,9% para 4,2% - no mesmo período. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, avaliou que a taxa de inadimplência das pessoas jurídicas em julho foi a mais alta desde março de 2011, quando teve início a atual série histórica do Banco Central. "A alta da inadimplência no crédito livre advém do crédito à Pessoa Jurídica. Também tivemos aumento generalizado das taxas de juros e esse é um fator que ajuda a explicar o crescimento em menor ritmo do crédito às empresas este ano", disse. Dentro do segmento de crédito à empresa, de acordo com o técnico, as linhas de capital de giro representam cerca de dois terços da carteira de crédito livre. Esse financiamento, que permite que o negócio continue em operação, é essencial para as pequenas empresas. "É principalmente esse segmento que puxa essa inadimplência", constatou. No mês passado, a taxa de inadimplência na linha de capital de giro foi de 4,6% ante 4,5% em junho. Se observados os índices de calotes de acordo com os prazos de pagamento dessa linha, há um indício de que quem está passando por mais problemas é a pequena e média empresa. Segundo Maciel, do BC, o maior índice de calote registrado em julho no capital de giro para empresas, de 6,3%, ocorreu nos financiamentos de prazo de pagamento de até 365 dias. Para ter uma ideia, a inadimplência em linhas de prazo superior a 365 dias foi menor: de 4% em julho. Isso indica que a tendência de aumento da inadimplência pode estar vindo de pequenas e médias empresas, que tomam mais esse tipo de recurso de menor prazo. LEIA MAIS: Cooperativas são opção financeira, mas beneficiam pouco os pequenos empresários Os juros do capital de giro com recursos livres subiram 0,5 ponto percentual de um mês para outro de forma geral, considerando todos os prazos, e ficou em 24,8% ao ano em julho (1,86% ao mês). INADIMPLÊNCIA E JUROS SOBEM Outra linha muito usada pela pequena empresa, por causa do limite pré-aprovado, é a do cheque especial, na qual o índice de calotes subiu de 16,6% para 18,2% de junho para julho. A taxa de juros do cheque especial da empresa aumentou de 216,7% ao ano em junho para 223,5% ao ano em julho. Assim, no mês passado, o empresário pagou em média 10,28% ao mês. Os atrasos no pagamento de dívidas de cartão de crédito da pessoa jurídica também aumentaram de 15,1% para 16% de um mês a outro. No rotativo (pagamento mínimo da fatura do cartão), os juros saltaram de 229% ao ano para 246% ao ano, de junho a julho. Assim, em média, o rotativo ficou em 10,90% ao mês em julho. A taxa de juros do crédito parcelado no cartão também subiu, passando de 28,2% ao ano para 37,8% ao ano, de um mês a outro. Em julho, foi de em média 2,71% ao mês. Além dessas linhas de maior custo, houve um acréscimo tanto da inadimplência quanto nas taxas de juros de outras modalidades de financiamento do empresário. LEIA MAIS: A queda de braço entre bancos e pequenas empresas A conta garantida, por exemplo, registrou uma taxa de inadimplência de 2,7% em julho ante 2,2% no mês anterior. Os juros dessa linha subiram de 46,2% ao ano em junho para 46,5% ao ano no mês passado. A antecipação de faturas do cartão de crédito também ficou mais cara: a taxa de juros subiu 1 ponto percentual e ficou em 42,4% ao ano em julho. Já a inadimplência nessa linha ficou estável em 0,1% de um mês a outro. Já os calotes nos descontos de cheques foram maiores, de 3,8% em julho ante 3,6% um mês antes. Os juros também subiram: de 41,7% ao ano para 42,3% ao ano, na comparação entre os dois meses. O encarecimento do custo do dinheiro foi maior para quem desconta duplicatas. A taxa de juros saiu de 34,7% ao ano em junho para 37,3% ao ano em julho. Os calotes nessa linha no período ficaram em 3,7% - acima de 3,4% um mês antes. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.