Setor de serviços também sofre com economia fraca

Publicado em 23/02/2015

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A receita nominal do setor de serviços cresceu 6% no ano passado ante 2013 segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Quando descontada a inflação, entretanto, esse avanço nominal transforma-se em uma queda real de 2,2%, de acordo com o Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). O resultado nominal foi deflacionado pela ACSP, tendo como parâmetro a inflação medida pelo IPCA de serviços, que em 2014 registrou alta de 8,34%. “O setor de serviços, que era um dos poucos que crescia e gerava emprego, começa a sentir os efeitos da economia fraca, algo que indústria e comércio já amargavam”, diz Emílio Alfieri, economista da ACSP. Alfieri diz ainda que é difícil visualizar para este ano uma retomada de crescimento para serviços. “Com a política monetária mais rígida em 2015, com aumento de juros e o fim dos benefícios das desonerações, a tendência é que serviços desacelerem mais”, diz o economista. Mesmo o resultado nominal já refletia essa desaceleração. A alta de 6% divulgados pelo IBGE representou o menor avanço desde 2012. Na comparação de dezembro do ano passado com igual mês de 2013, a receita nominal cresceu ainda menos (4,2%). Deflacionando o resultado de dezembro delo IPCA de serviço observa-se queda de 3,8% na receita real do setor. O mesmo ocorreu em novembro (-4,2%) e outubro (-3,5%), segundo cálculos de Alfieri. Na avaliação do sócio e economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo, o resultado sinaliza que o PIB no quarto trimestre de 2014 tende a ser negativo "A pesquisa é um sinal bastante importante da redução do nível de atividade do setor de serviços. Isso vai afetar a economia como um todo porque esse setor responde por cerca de 60% do PIB brasileiro", diz Camargo. Opinião semelhante tem o economista da RC Consultores, Marcel Caparoz. "O volume de serviços que está sendo ofertado está caindo. E para o crescimento do PIB, o que realmente importa é o a queda no volume", diz Caparoz. O economista afirma que a tendência para 2015 é que o crescimento no volume de serviços para as famílias zere ou migre para o campo negativo. "A tendência é essa porque a renda das famílias está se deteriorando, com a inflação alta e os juros subindo", diz Caparoz. Para o economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada, a perda de vigor da atividade de serviços reflete os condicionantes de demanda menor do mercado de trabalho, que tem oferecido menos vagas, e também sofre influência da desaceleração da renda real, da restrição do crédito às famílias e da confiança dos consumidores. "Isso tem se amplificado para alguns setores. Há um enfraquecimento do consumo e também vemos que a parte da atividade industrial vem demandando menos serviço", afirmou Bacciotti. CAUTELA O IBGE evitou adiantar o resultado real do setor de serviços e disse que fazer projeções agora poderia acarretar em equívocos. A justificativa do instituto é o critério usado para deflacionar os dados do setor, que podem variar de um caso para outro. "Se você usar o IPCA geral para deflacionar (6,41% em 2014), vai chegar à conclusão de que houve uma retração menor no setor de serviços. Mas alguns usuários podem usar outros índices, como o IGP-M, que é menor. Não temos ainda como fazer uma interpretação, pois não temos os dados deflacionados", disse o técnico Roberto Saldanha, da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. PREÇOS Na avaliação da Fecomércio-RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro), o avanço dos preços no setor de serviços contribuiu para levar os consumidores a puxar o freio ao longo de 2014, o que causou impacto negativo no desempenho do setor. Segundo a instituição, itens como alimentação fora do domicílio tiveram aumentos na casa dos 10% no ano passado e acabaram pesando na decisão das famílias, que tentam agora economizar "Numa conjuntura desfavorável, com encarecimento do custo de vida, juros em elevação, mercado de trabalho em desaceleração e confiança em baixa, o consumidor se mostrou mais seletivo no consumo em geral", comentou a entidade. Ainda segundo a Fecomercio-RJ, alguns serviços foram mais impactados do que outros. “É que uma parcela de brasileiros substituiu ligações pelo celular por troca de mensagens pela Internet, enquanto outra decidiu fazer por conta própria serviços até então contratados”. (com informações do Estadão Conteúdo)

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.