A boa notícia dos juros
Publicado em 23/01/2017
Tempo de Leitura • 2 min
Embora vários indicadores disponíveis apontem para uma queda da atividade econômica maior do que a esperada durante o último trimestre do ano passado, 2017 já começou com duas excelentes notícias.
Em primeiro lugar, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) terminou 2016 com alta anual de 6,29%, abaixo do limite máximo de tolerância da meta de inflação (6,5%).
De posse dessa informação e da sinalização de que a continuidade da recessão econômica continuaria a exercer descompressão nos preços, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, em sua primeira reunião do ano, reduzir a taxa de juros básica (Selic) em 0,75 ponto percentual, surpreendendo a grande maioria dos analistas, que esperavam uma diminuição de 0,50 ponto percentual.
Essa redução da taxa Selic, que muito provavelmente deverá continuar ao longo do ano, diminui o custo do crédito para famílias e empresas, que poderão, portanto, ter mais facilidade em renegociar suas dívidas, abrindo a possibilidade de futuros aumentos no consumo e no investimento produtivo, essenciais para a recuperação da atividade econômica.
Contudo, apesar dos efeitos positivos dos juros menores, estes deverão demorar alguns meses em se materializar, pois o valor das prestações financeiras que as famílias enfrentam também depende dos prazos de financiamento, que não costumam aumentar imediatamente.
No caso da aquisição de máquinas e equipamentos, a grande capacidade ociosa atual e o tempo requerido para que as empresas se programem causarão demora na realização de novos empreendimentos.
Além disso, a recuperação efetiva do consumo e do investimento dependerá fortemente da retomada da confiança das famílias e dos empresários, o que, por sua vez,será determinado fortemente pela evolução da política econômica.
Nesse sentido, será importante que o Governo persevere no ajuste fiscal, colocando ênfase na aprovação da reforma da Previdência e na recuperação das finanças estaduais e municipais, porém condicionando qualquer ajuda dada a estes entes subnacionais a medidas de saneamento capazes de restabelecer sua solvência.
Ao que tudo indica, a política econômica continuará na direção certa, mostrando disposição, inclusive, em iniciar outras reformas estruturais importantes, tais como a trabalhista e a tributária. Resta saber se o Presidente Temer contará com o apoio político necessário para viabilizar sua implementação.
Diário do Comércio
Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto
Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.