Comprar pela internet é seguro. Isso também depende de você

Publicado em 26/05/2014

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Comprar pela internet é cômodo, oferece uma boa relação custo-benefício e, sim, é seguro na hora de pagar. Uma boa experiência, no entanto, depende do cuidado que o consumidor tem antes, durante e depois de adquirir um bem ou serviço pela web. Se antes o principal medo das pessoas que não compram nada pela internet era fornecer os dados bancários na rede, hoje restou o receio de não receber a mercadoria correta ou do produto não chegar em casa. Estudo da consultoria Gouvêa de Souza, realizado com 2,2 mil pessoas em março, mostra que 13% dos entrevistados nunca compraram pela internet. Para essa parcela, os principais motivos são a preferência de ver o produto fisicamente, o medo de não receber em casa ou, ainda, de receber algo diferente do que foi pedido. O medo de informar os dados bancários e do cartão de crédito ainda existe e foi alegado como um motivo para não comprar pela internet por 35% dos pesquisados. Outros 31% disseram que ficam preocupados em fornecer informações pessoais na rede. Os dados mostram que caiu o percentual de pessoas preocupadas em fazer pagamentos de compras em sites de comércio eletrônico. Em 2011, por exemplo, o medo de fornecer informações bancárias era motivo para 48% dos entrevistados não comprarem pela internet. A preocupação em transmitir informações pessoais foi apontada por 41% deles. Velhos golpes Apesar de consumidores se sentirem mais seguros para fazer pagamentos de compras pela web, é bom sempre ficar de olho nos velhos golpes. Um deles é o clássico email que tem um link para clicar. Geralmente ele vem com um assunto sazonal, aproveitando o calor do momento. Exemplo é o ano de eleição, no qual os fraudadores mandam mensagens dizendo que o titulo de eleitor precisa ser regularizado. "Essas pessoas roubam os dados e, de posse deles, fazem compras e contratam financiamentos. O consumidor deve ficar atento para não cair nesses golpes comuns", diz Fernando Cosenza, diretor de sustentabilidade da Boa Vista SCPC. Por isso, antes, durante e após a compra, o consumidor deve se proteger contra fraudes. Segundo dados da Clearsale, empresa especializada em prevenção contra fraudes, no ano passado as tentativas de compras fraudulentas nos sites monitorados pela empresa chegaram à marca de R$ 353 milhões. A empresa monitorou 46 milhões de pedidos em 2013, que equivalem a R$ 18,8 bilhões. "Nossa recomendação ao consumidor é que cuide bem de seus dados e nunca empreste o cartão de crédito", explica Gabriel Firer, coordenador de projetos Corporativos da Clearsale. Ele diz que os artigos preferido dos fraudadores, ou que eles mais tentam comprar usando informações financeiras de outra pessoa, são celulares, relógios, notebooks e jogos. Antes: pesquisa é essencial Além da tradicional pesquisa que o consumidor faz para saber quais são os sites de comércio eletrônico que têm os melhores preços para um determinado produto ou serviço, é preciso ir atrás de outras informações. Especialistas dizem que é importante checar se a empresa de comércio eletrônico existe, se tem CNPJ e uma unidade física. Vale também verificar as opiniões dos consumidores sobre a loja. Sites como o Reclame Aqui e outros de social commerce, que divulgam as experiências de usuários do comércio eletrônico, inclusive em redes sociais, ajudam nessa tarefa. "É uma pesquisa que deve ser feita para ver se a loja existe mesmo ou se a página está lá apenas para pegar os dados dos consumidores. Desconfie se a loja não aceitar cartão de crédito", diz Firer, da Clearsale. Ele recomenda ao consumidor que não passe informações por telefone, caso alguém ligue para confirmar. "Deixe primeiro a pessoa falar os dados pessoais e o que você comprou para poder confirmar", completa Firer. Felipe Wasserman, CEO da empresa de assinatura online PetiteBox, recomenda que o consumidor verifique também se o site é conhecido no segmento e se aparece no topo da busca na internet. "Os sites fáceis de causar problemas costumam ter pouca informação. Outra dica é ver se a página usa um sistema de pagamento seguro. Veja se ele tem selos de identificação e validação do comércio eletrônico. O endereço do site deve combinar com o nome da empresa", afirma. Assim, se na URL aparecer um nome diferente, com muitos números e letras, é melhor desconfiar e não clicar. Cosenza, da Boa Vista SCPC, diz que uma estratégia é comprar nas lojas que conhece e que tenham operação física. Se tiver problema com a entrega ou recebimento de produto defeituoso, o consumidor saberá onde ir. Esse preparo pré-compras é ainda mais importante quando o consumidor recebe um email oferecendo um desconto muito grande em um determinado item. “Já recebi um email que tinha a logomarca de uma varejista grande do setor de eletroeletrônicos oferecendo 80% de desconto em uma geladeira. Desconfiei e entrei no site da empresa para verificar e a oferta não estava lá. Era um email falso, provavelmente para roubar dados de cadastro e número do cartão de crédito”, afirma Marcos Pinto, analista de sistemas. Cosenza lembra que as páginas falsificadas, conhecidas como phishing, podem levar o consumidor a digitar os dados do cartão de crédito por impulso, principalmente se ele receber uma oferta tentadora. "Ao perceber que digitou, ligue para a administradora do cartão e bloqueie a cobrança. Quem resolve rápido, evita o prejuízo com a fraude", recomenda. Atenção aos detalhes da página Durante uma compra em um site de comércio eletrônico a recomendação é ficar atento aos detalhes da página. Ela precisará ter um cadeado no começo (na URL) ou no rodapé da página, o que indica que ninguém está roubando as informações durante a transmissão de dados. "Verifique o certificado de segurança da empresa para ver se o site é confiável, no momento da transação. Além disso, recomendo utilizar um computador pessoal e não público, onde as informações ficam armazenadas", diz Aline Rabelo, coordenadora do Investmania. Com uma experiência de cinco anos fazendo compras on-line pelo menos duas vezes por mês, Pinto diz que nunca foi vítima de fraudes. A dica dele é que o consumidor tenha um antivírus instalado no computador. "Ele também precisa verificar se, antes do endereço do site, constam as letras https, que mostram que o site é seguro. Se na hora de digitar o cartão, o endereço da página mudar e ficar sem o https, não clique", recomenda o analista. Quem paga por boleto ou débito direto online também deve checar se o ambiente do site é seguro, já que nesta segunda opção é preciso digitar a senha do cartão de débito. O que acontece é que quem escolhe o pagamento por meio de boleto pode ter dificuldades de reaver o valor caso descubra que o site não é idôneo. "O cartão de crédito dá essa segurança, porque a pessoa pode bloquear o pagamento caso descubra uma irregularidade", completa Wasserman, da PetiteBox. Acompanhe a compra até o fim Depois de comprar com o cartão de crédito, a dica é conferir a fatura antes mesmo que seja fechada. Se o consumidor perceber que entrou uma cobrança indevida, deve avisar o banco rapidamente. "Outro jeito é observar se não chegou um email de loja confirmando uma compra não realizada", diz Firer, da Clearsale. O cuidado com os dados pessoais e financeiros deve ser constante, já que nem sempre essas informações são furtadas durante a compra em um site de comércio eletrônico. Um exemplo é a clonagem do cartão, que pode ser feita em máquinas físicas. "Nunca deixe o cartão de débito ou de crédito sair do seu campo de visão. Digite a senha de forma que ninguém veja", recomenda Aline, da Investmania. Cosenza, da Boa Vista SCPC, diz que costuma usar um cartão só para compras na internet. "Ele pode ter um limite menor e ser de crédito ou até pré-pago", afirma. Outra dica é ativar o serviço de SMS do banco para ser avisado sempre que uma compra for efetuada com o cartão de crédito. "Eu mesmo me livrei de uma dor de cabeça por causa disso. Alguém usou meus dados para fazer uma compra às 3h da madrugada. Recebi a mensagem pelo celular e liguei imediatamente para o banco, que já cancelou a compra", conclui. Fonte: Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.