Educação financeira é lucro para empresa e funcionário

Publicado em 24/02/2014

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A forma como um funcionário lida com suas finanças pessoais pode refletir nos resultados da empresa para a qual ele trabalha – direta ou indiretamente. O fato é que o estresse financeiro é uma das principais causas da queda de produtividade nas empresas, segundo o estudo Financial Wellness Survey, da PwC. O estudo mostra que 52% dos empregados, de um total de 1,6 mil entrevistados dos Estados Unidos, em 2013, enfrentaram ao menos uma situação financeira estressante. Com isso, 23% dos entrevistados admitiram que ficam distraídos – ao pensar ou resolver problemas financeiros pessoais durante o expediente de trabalho. Do total, 19% disseram que chegam a gastar cinco horas ou mais do período semanal de trabalho com essas questões. A principal preocupação foi com o fato de não ter uma reserva financeira suficiente para cobrir despesas emergenciais. Outros 45% dos entrevistados disseram que temem não conseguir se aposentar na data que desejam. “O empregado que gasta cinco horas por semana resolvendo problemas financeiros dá um prejuízo de cerca de uma hora por dia para a empresa. Em uma jornada de oito horas é como se 11% do salário pago fosse jogado no lixo. O efeito da falta de educação financeira reflete nas empresas porque o funcionário com dificuldades para fazer a gestão do próprio dinheiro tem uma produtividade menor e sofre conflitos internos. Por isso, já vejo companhias com essa iniciativa”, diz André Massaro, consultor e educador financeiro. O funcionário que tem "contas que não fecham" também acaba não utilizando com eficiência os benefícios financeiros e previdenciários que a empresa oferece, tomando mais empréstimos que poderia. Além disso, quando não vê outras possibilidades, chega ao limite de pedir para ser demitido porque precisa da rescisão para saldar dívidas. Embora algumas companhias promovam ações de educação financeira, elas ainda são minoria no Brasil, segundo William Eid, professor de finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e consultor de empresas. Ele foi o único a desenvolver uma pesquisa sobre o assunto no Brasil, inicialmente com os funcionários da própria FGV. “Fiz o estudo há cinco anos e conclui que um empregado estressado falta mais, pede para abonar horas e faz retiradas no fundo de pensão da companhia. A produtividade da pessoa com estresse financeiro é menor do que a daquela que tem está com as contas em dia. As empresas deveriam investir mais nisso e tratar as pessoas com problemas financeiros. O problema é que elas se preocupam com o seguro odontológico e se esquecem dessa parte da vida do colaborador”, diz. Eid explica que uma boa forma de tratar isso dentro da empresa é por meio de um diagnóstico de cada colaborador, com o objetivo de descobrir quem tem estresse financeiro e quem está confortável. “Um bom programa de educação é aquele que direciona os empregados que tem problemas para um tratamento e ensina os que estão bem financeiramente a investir. Os seminários gerais podem deixar muitas pessoas insatisfeitas”, conta. O professor ainda lembra que um programa estruturado exige mais da empresa, do que a simples realização de palestras. “As empresas ainda não despertaram para a realização de um trabalho contínuo, com avaliações em todos os níveis. Os funcionários mais jovens, se aconselhados, podem ter um grande benefício ao longo da vida e até a aposentadoria”, ressalta Eid, que já elaborou programas para instituições financeiras. Fonte: Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.