Expectativa de inflação dispara. PIB não cresce
Publicado em 10/02/2015
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Com a inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 7,14% no acumulado de 12 meses até janeiro, os analistas das instituições financeiras que participam do relatório Focus elevaram suas projeções para o ano de 2015. A expectativa para a inflação deste ano passou de 7,01% para 7,15%. Há um mês, era de 6,60%.
Por outro lado, a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, ou a soma de todos os bens e serviços produzidos pelo país) foi para zero, ante a projeção de um ligeiro crescimento de 0,03% há uma semana.
Para a inflação, as expectativas seguem altas, inclusive para o grupo que faz parte do Top 5 (analistas de instituições que mais acertam as previsões). Para eles, o IPCA deve encerrar o ano em 7,12%, maior que as estimativas de 6,86% na semana passada e de 6,60% há um mês.
A expectativa de que o índice de preços fique acima do teto da meta de 6,5% ao ano estipulada pelo governo está em linha com os ajustes promovidos para equilibrar as contas do governo.
As medidas atingiram principalmente os preços administrados, que são monitorados pelo governo. Eles têm sido o vilão da inflação e, para este grupo, a projeção para o ano passou de uma elevação de 9% na semana passada para 9,48% hoje.
Um mês antes, a estimativa para o aumento de preços administrados era de 8%. Assim, os analistas ultrapassaram a projeção mais recente feita pelo Banco Central, de alta de 9,30% para esse grupo de preços.
Entre os principais preços administrados, estão o aumento da gasolina em razão da incidência dos impostos e contribuições (Cide, PIS e Cofins), do gás de bujão, das tarifas de telefonia fixa e de energia elétrica.
O relatório mostra que no curto prazo os preços estarão mais descontrolados. Depois de uma inflação de 1,24% em janeiro, a expectativa de analistas é que o índice suba 1,02% em fevereiro. Há um mês, a projeção para fevereiro era de uma alta de 0,74%.
Para março, a estimativa é que de uma pequena desaceleração da inflação, que deve ser de 0,65%.
O próprio Banco Central trabalha com um cenário de alta para a inflação no início deste ano, mas espera que, em seguida, o indicador entre em um período de declínio. De acordo com a autoridade monetária, a inflação atingiria o centro da meta do governo, que é de 4,5% ao ano, no final de 2016.
Apesar do prognóstico mais positivo no médio prazo, analistas ainda apontam para uma inflação mais elevada. A expectativa para o IPCA em 12 meses para frente passou de 6,61% há uma semana para 6,56% no relatório divulgado hoje.
Para o encerramento de 2016, a projeção para o IPCA foi mantida em 5,60% pela segunda semana seguida. Para o grupo Top 5, houve uma ligeira alta na expectativa, que passou de 5,60% na semana passada para a projeção para a inflação no final do ano que vem passou de 5,60% para 5,65% hoje.
Com a continuação da disparada dos preços da inflação, o mercado financeiro mexeu em suas projeções para o rumo da Selic.
As alterações não foram grandes o suficiente para influenciar as taxas de fim de ano, que permaneceram as mesmas das semanas anteriores, mas já foi vista uma alteração nas taxas médias do ano.
Essa movimentação embute a expectativa de uma alta maior em 2015 e de uma taxa menor ao longo de 2016. Analistas projetam uma taxa básica de juros de 12,50% em 2015, pela nona semana consecutiva.
A Selic média para este ano, no entanto, passou de 12,47% (percentual que permaneceu inalterado por sete semanas seguidas) para 12,63%.
Para o encerramento de 2016, a projeção foi mantida em 11,50% pela sexta semana seguida. A Selic média do ano que vem, no entanto, passou de 11,69% ao ano para 11,61%.
Já os economistas que mais acertam as projeções para o rumo da taxa básica de juros preveem uma elevação bem mais forte do que a pesquisa geral.
No médio prazo, eles projetam a Selic em 13% ao final deste ano, como já previam há três semanas. Para o encerramento de 2016, esse grupo estima agora uma taxa de 11,50%, menor do que a de 11,75% ao ano da semana passada.
PIB ZERO
O relatório Focus mostra que a estimativa para o crescimento do PIB de 2015 passou de uma ligeira expansão de 0,03% para 0,00%. Esta foi a sexta revisão seguida para baixo desse indicador. Há quatro semanas, a aposta era de uma alta este ano de 0,40%.
Para 2016, a expectativa é um pouco mais otimista. A previsão de alta de 1,50% foi mantida. Há um mês, a expectativa era de alta de 1,80% para o ano que vem.
A produção industrial segue como setor vital para a confecção das previsões para o PIB em 2015 e 2016.
No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro mostra uma expectativa de alta de 0,44% para este ano ante 0,50% prevista na semana passada e de 1,02% de quatro semanas atrás.
Para 2016, as apostas de expansão para a indústria seguem em 2,50%, mesmo patamar da semana anterior.
O relatório mostra uma projeção mais otimista para a balança comercial do próximo ano.
A estimativa para o crescimento do saldo comercial em 2016 passou de R$ 10,51 bilhões há uma semana para R$ 12 bilhões. Para 2015, as projeções ficaram estagnadas em um incremento de US$ 5 bilhões, o mesmo montante esperado um mês antes.
Diário do Comércio
Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto
Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.