O emprego escasseia. Viva as profissões da economia criativa!

Publicado em 22/08/2016

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Na noite do dia 7 de fevereiro de 2016 foi realizado o evento esportivo mais caro da história dos Estados Unidos – Super Bowl 50.. O evento, que decide o campeão da temporada anual de futebol americano, movimentou cerca de US$ 1 bilhão. O detalhe é que somente um comercial de 30 segundos no intervalo da partida custou US$ 5 milhões. Embora seja um ponto fora da curva, o Super Bowl e outros eventos esportivos, artísticos e de entretenimento são exemplos de sucesso da economia criativa. Esse mercado baseado na informação, conhecimento e criatividade, inclui áreas como arquitetura, design, turismo gastronomia, moda e publicidade. Todas essas atividades têm como marca a mobilização de capital intelectual em seus processos produtivos. Em 2014, a economia criativa movimentou US$ 4 trilhões no mundo. De acordo com o Ministério da Cultura, os setores criativos no Brasil empregavam cerca de 3,7 milhões de pessoas em 2014 – aproximadamente 4,5% do total de trabalhadores. Em 2015, a estimativa era de que o mercado gerasse R$ 150 bilhões para a economia brasileira. Em busca de uma análise profunda sobre o conceito, causas e consequências da economia criativa no Brasil e no mundo, o professor Victor Mirshawka, recentemente aposentado do cargo de diretor cultural da Fundação Armando Álvares Penteado, publicou o livro Economia Criativa: Fonte de Novos Empregos, em dois volumes (DVS Editora). Engenheiro e mestre em estatística, Mirshawka concentra sua tese no impacto exercido pela economia criativa sobre o futuro do emprego. “Nos últimos séculos, todas as grandes mudanças sociais e econômicas alteraram profundamente a empregabilidade”, afirma. “Hoje, vivemos a quarta revolução industrial. Ao mesmo tempo em que ela cria novos negócios, pode extinguir mercados inteiros.” De acordo o pesquisador, o uso de inteligência artificial, aparelhos industrializados inteligentes (internet das coisas) drones e impressoras 3D, apenas para citar alguns exemplos, já estão transformando o mundo que conhecemos. O sistema de computação cognitiva da IBM, batizado de Watson, consegue interagir com humanos por meio da compreensão da linguagem, capacidade de aprendizagem e identificação de padrões de comportamento. O equipamento já está em uso na área de call center do Bradesco. EMPREGO DO FUTURO É inegável que a tecnologia irá causar desemprego, principalmente na indústria e em serviços, setores nos quais as máquinas e softwares realizam as mesmas atividades de seres humanos -- só que a menor custo e com melhor desempenho. “O lado bom é que a economia criativa poderá absorver boa parte dos empregos”, afirma Mirshawka, "pois requer propriedade intelectual de seus agentes." Trata-se de um ambiente que os trabalhadores têm de perceber agora se quiserem se preparar para o futuro. Entre os benefícios da economia criativa, o professor cita diversas cadeias produtivas que foram favorecidas com a consolidação dessa nova economia – arquitetura, artesanato, artes cênicas, artes visuais, brinquedos, cinema, design, entretenimento, gastronomia, moda, música, pesquisa e desenvolvimento (P&D), publicidade e propaganda, setor editorial, software, televisão e rádio, turismo e vídeo-game. A ascensão da economia criativa tem um exemplo poderoso na onda atual do game Pokemon Go. Além de elevar o valor das ações da Nintendo na bolsa de Tóquio em 25% -- um crescimento de US$ 7,5 bilhões em valor de mercado --, a incrível popularidade do jogo ajudou as ações da Zagg, fabricante de carregadores portáteis, a crescer 12,5%. Paralelamente, as varejistas americanas de eletrônicos Gameshop e RadioShack tiveram aumento de vendas de 45% e 50%, respectivamente. Os dados são da IInterativa, unidade digital da integradora de TI Infobase. No Brasil, Mirshawka cita o caso de Olímpia, município de 50 mil habitantes situado no noroeste paulista. A cidade, conhecida como a Capital Nacional do Folclore, vive um boom causado pelo turismo. Ao longo do ano, organiza diversos eventos de dança, música e gastronomia local, movimentando a economia da região. “A tecnologia é ótima, mas não possui a empatia dos seres humanos”, diz o professor. “E a empatia, seja de um garçom, um artista ou profissinal da comunicação, representa um dos princípios da economia criativa.” Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.