Venda de produtos de inverno faz varejo reviver a era do consumo

Publicado em 20/06/2016

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Um grupo de comerciantes está matando a saudade do tempo em que o consumidor abria a carteira com facilidade na hora de fazer compras. Com a queda brusca da temperatura, que foi, nesta semana, a mais baixa dos últimos 22 anos, as vendas de aquecedores, edredons, mantas, luvas, cachecóis, chapéus de feltro e até tapetes deram um salto neste mês. Depois de enfrentar uma das maiores crises da história, alguns lojistas tiveram um alívio no caixa em junho. Em apenas um dia, a Lojas Mel, rede com 14 unidades na Grande São Paulo, comercializou cerca de 700 aquecedores da marca Ventisol. Na quinta-feira (15/06), a empresa conseguiu novo lote de mais 5 mil peças. A expectativa da empresa é vender tudo em dois ou três dias, até porque muitos clientes já fizeram a reserva do produto. “Esse frio foi uma boa surpresa e alavancou o faturamento da rede. Ninguém esperava que a temperatura caísse tanto”, afirma Jean Lima, gerente regional da Lojas Mel. A rede colocou à venda na loja dois modelos de aquecedores - de R$ 79,99 e de R$ 99,99. As vendas de produtos típicos para o inverno, que incluem também mantas e edredons, aumentaram 120% na Lojas Mel na comparação com o ano passado, de acordo com Lima. Neste ano, o curioso, diz ele, é que o inverno também elevou as vendas de canecas (R$ 6,99) e tapetes estilo belga, que custam R$ 99 e R$ 119, dependendo do tamanho. “Nos dias mais frios, chegamos a comercializar mais de 100 tapetes por dia. As vendas de canecas também tiveram um crescimento absurdo nesses dias”, afirma ele. Muito provavelmente, as canecas estão sendo mais demandadas para servir chocolate quente, mais consumido no inverno. Na rede Extra, do grupo Pão de Açúcar, as vendas de aquecedores subiram 350% nos meses de maio e junho, em relação a igual período do ano passado. Nas lojas da Via Varejo que administra a Casas Bahia e o Ponto Frio, as vendas de aquecedores aumentaram 200% na semana de 5 a 11 de junho, em comparação com o período de 20 de maio a 4 de junho. Os modelos com preços mais baixos, de R$ 119 na rede Extra e de R$ 99,99 na Casas Bahia e no Ponto Frio, são os mais demandados, de acordo com a assessoria de imprensa do grupo. Em algumas lojas das redes Carrefour, Kalunga e Lojas Americanas, o estoque de aquecedores estava zerado na tarde de ontem (15/06). Na rede Zelo, especializada em artigos para cama, mesa e banho, o frio intenso resultou num incremento de 30% nas vendas na primeira quinzena deste mês, na comparação com igual período do ano passado. A procura por alguns modelos de mantas e edredons chegou a aumentar 70% no período, de acordo com a assessoria de imprensa da rede. Na loja do shopping Higienópolis, o estoque de vários produtos anunciados no site estava zerado já na segunda-feira (13/06). A rede de lojas Walmart prevê, para os meses de maio e junho, alta de 40% na comercialização de produtos típicos para o inverno, como edredons, aquecedores e vinhos, frente aos demais meses do ano, principalmente nas lojas das regiões Sul e Sudeste. Lojistas de regiões tradicionais do comércio também estão bem mais animados. Assim que o frio se instalou, os corredores da Rose Bijouterias, loja localizada na Ladeira Porto Geral, no centro de São Paulo, voltaram a ficar lotados. Lúcia Oliveira, responsável pela seção de lenços e cachecóis da loja, estima a venda de 300 a 400 dessas peças por dia na última semana. No sábado (11/06), diz, a loja comercializou cerca de 500 peças entre lenços e cachecóis e 20 chapéus de feltro. Os lenços custam de R$ 18 a R$ 45 a unidade para o consumidor e o chapéu de feltro, R$ 51. “Aqui, por enquanto, não tem crise”, afirma Lúcia, sorrindo. Quem gasta mais de R$ 100 na loja tem 20% de desconto. O bom movimento também se repetiu na loja da Niazi Chohfi, localizada na Rua Carvalho Basílio Jafet, nas proximidades da Rua 25 de Março. No fim da tarde da última terça-feira (14/06), o gerente Leandro Farias vendeu a última peça do cobertor Reizinho, feito de material reciclado, que custa R$ 13,90. Nos últimos dias, a loja chegou a comercializar diariamente, de acordo com estimativa de vendedores, cerca de 400 peças do cobertor Reizinho, 300 peças de edredons de microfibra e 100 peças de roupões de microfibra. Os lojistas estão torcendo para que o frio se prolongue e que haja produto disponível para atender o consumidor. Lojas da Ladeira Porto Geral informaram que os estoques de luvas e cachecóis mais pesados já estavam no final e não haveria reposição. A corrida por produtos típicos para o inverno está mais concentrada em produtos de menor valor, de acordo com lojistas. E, ainda assim, boa parte das compras têm sido pagas com cartão de crédito. Na Lojas Mel, a maior parte das vendas é feita no cartão de crédito para pagamento no prazo de três a seis meses. Um sinal de que a corrida por produtos típicos de inverno será mesmo temporária. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.