Para o comércio, um janeiro surpreendente

Publicado em 17/03/2014

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O avanço de 0,4% das vendas no comércio varejista brasileiro em janeiro na comparação com o mês anterior, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), melhor do que o esperado, reverteu a contração vista em dezembro, uma perda de 0,2%. Com o dado de janeiro, as vendas do comércio acumulam uma alta de 4,3% nos últimos 12 meses. Em relação a janeiro de 2013,a expansão foi de 6,2%. A desaceleração das taxas no acumulado em 12 meses confirmam perda de fôlego da atividade, segundo o IBGE. Em janeiro de 2013 o comércio acumulava alta de 8,3% em 12 meses, caiu a 7,4% no mês seguinte e foi diminuindo progressivamente até os 4,3% de agora. “Vemos um ritmo menor e até um decrescimento em algumas atividades devido a fatores como preços mais altos, linhas de crédito menores e mais caras, juros mais elevados e renda subindo menos", avalia a economista do IBGE, Aleciana Gusmão. "As condicionantes apontam para uma desaceleração ao longo do ano, devido ao baixo crescimento de renda e inflação resistente", afirma a economista Mariana Oliveira, da Tendências Consultoria Integrada. A expectativa da Tendências é de crescimento de 4% neste ano no varejo restrito, contra alta de 4,3% em 2013 – mesma previsão de outra consultoria, a LCA – e de 3,3% no dado ampliado, contra 3,6% no ano passado. Mais otimista, a Confederação Nacional do Comércio prevê uma expansão de 5% das vendas do varejo restrito. O resultado do varejo em janeiro "não sinaliza um crescimento muito forte no início do ano" concorda o economista-chefe do banco Besi Brasil, Jankiel Santos. Mas, ao menos estanca um pouco o pessimismo com uma possível continuidade de desaceleração da atividade. "Dá para ficar contente porque o dado mostra que o problema está na oferta e não na demanda", diz ele. Alimentos – De dezembro para janeiro, os setores que mais contribuíram positivamente para o desempenho do varejo foram supermercados e produtos alimentícios e bebidas (1%), combustíveis (1,4%), móveis e eletrodomésticos (1,2%), equipamentos de informática (6%) e artigos farmacêuticos (4,2%). A tendência de crescimento generalizada, com alta em seis dos oito setores pesquisados. As quedas ficaram com tecidos, vestuários e calçados (-0,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,1%). Chamou a atenção dos analistas a alta em janeiro dos supermercados, produtos alimentícios e bebidas, após avanço de 0,7% em dezembro. Segundo o IBGE, os consumidores voltaram a comprar principalmente alimentos com mais força nos supermercados porque a inflação desses produtos passou a ficar mais alinhada com o IPCA, quando antes os preços estavam acima da inflação. Nas contas do instituto, a refeição em domicílio acumulava em 12 meses 6% em janeiro, enquanto o IPCA era de 5,6%. "O custo da refeição em domicílio perdeu força e o consumidor está menos refém dos preços dos alimentos", disse Aleciana, do IBGE. Já o volume de vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, apresentou alta de 2,1% na comparação mensal, nível mais alto desde outubro de 2012 (7,3 por cento), com destaque para o avanço de 1,9% nas vendas de Veículos e motos, partes e peças. Mariana, da Tendência, explica que a corrida às concessionárias aconteceu para aproveitar estoques ainda sem elevação da alíquota do IPI e sem obrigatoriedade dos itens de segurança como airbags, que encarecem os automóveis. A antecipação das compras de carros ainda pode ter continuado em fevereiro. Fonte: Diário do Comércio de São Paulo

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.