As 4 armas do Carrefour para enfrentar a crise
Publicado em 28/03/2016
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O varejo definitivamente não vive seu melhor momento – a crise política e econômica tiram a confiança e o poder aquisitivo do consumidor, que se afasta das compras e derrubam o faturamento dos comerciantes. Esse ciclo nada positivo não está restrito aos pequenos negócios.
Gigantes como o Walmart e o Carrefour também estão assistindo à queda das vendas. A primeira desistiu do Brasil neste ano – toda a sua operação no país foi encerrada em meio a essa pasmaceira econômica. Considerando todos os setores do varejo, já foram mais de 100 mil lojas fechadas somente no ano passado.
Há mais de 40 anos no mercado brasileiro, a rede Carrefour foi uma das primeiras a desembarcar em território nacional. Esta não é a primeira crise atravessada pela companhia. Ainda assim Charles Desmartis, presidente do Carrefour Brasil, vê este momento econômico com cautela e otimismo.
“Vejo de maneira concreta o apelo do varejo brasileiro para a recuperação do crescimento da economia. Basta trabalhar”, disse durante o 4º Fórum Lide de Varejo, Consumo e Shopping Centers, realizado no último sábado no Guarujá (SP).
Trabalho é o que não falta. Com faturamento de R$ 37, 9 bilhões em 2014, segundo o último Ranking Abras, a empresa tem feito muitos esforços para se manter de pé – e investindo.
Olhar para dentro do negócio tem sido uma das atividades mais fundamentais para a sobrevivência do negócio. Para Desmartis, "a grande concorrência é um estímulo para se inovar e se reinventar."
Para lutar contra a deterioração do mercado, os executivos da rede optaram por reagir – lançaram mão de quatro armas que podem ser uma ótima alternativa para quem está buscando uma saída para essa crise que ainda não tem hora para acabar.
1 – ALÉM DOS MULTIFORMATOS
O pensamento aqui não é "loja física ou e-commerce". Foi preciso ampliar o número de formatos possíveis para adequar as as lojas aos diversos tipos de público. “São milhares de oportunidades para empresas renovarem ativos tradicionais e criarem novos padrões de qualidade e sofisticação”, afirma Desmartis.
O e-commerce, que foi desativado em 2012, será relançado no final do segundo trimestre, restrito a produtos não alimentares, em princípio. A despeito dos desafios logísticos, venda virtual de alimentos frescos não está descartada. “A ideia é começar com pilotos e escopo geográfico bem delimitado, até entender as complexidades e acertar o modelo”, afirma, lembrando que a venda de alimentos pelo e-commerce já é sucesso no país-natal da rede.
“Apostar no modelo de conveniência hoje é o que ajudará o varejo a sobreviver”, afirma o executivo. Não por acaso, as lojas Express, que são menores e ocupam a posição do mercado de bairro, ganharam importância neste momento econômico.
Um dos grandes destaque da rede é o formato de atacarejo, criado e exportado pelo Carrefour. Em 2007, a aquisição do Atacadão foi a faísca para o crescimento de um mercado prioritário para a rede francesa. “Em termos de vendas, há muito tempo o atacarejo já ultrapassou a bandeira Carrefour”, diz Desmartis.
2 - CAPACITAÇÃO
Para Desmartis é um erro pensar em capacitação e treinamento como um custo vazio. "Não é um luxo. O varejo precisa disso para sobreviver ao nível de sofisticação da atividade e do cliente", diz. Aqui, a atenção está dedicada não só ao produto, mas principalmente à experiência de compra.
O executivo afirma que em 2015 foram ministradas 800 mil horas de aulas em diversas áreas – desde a educação básica até as possíveis especializações para melhor atuação no varejo alimentar.
3 – FORNECEDORES
Nos Estados Unidos, o hyperlocal já é uma realidade. Aqui, o Carrefour afirma ter desenvolvido parceria com mais de mil fornecedores em todo o país para simplificar a cadeia de abastecimento. De acordo com Desmartis, são produtos com garantia de origem e a ideia é que esta certificação aproxime os clientes das novidades que serão colocadas na rede.
“A tendência é de crescimento: são produtos não necessariamente mais caros, mas continuam a atender às expectativas desse consumidor por qualidade.”
4 – CRÉDITO
Segundo Desmartis, desde março do ano passado o Carrefour "já antecipa a degradação do cenário e do risco de inadimplência". Foi neste momento que começaram as adaptações na área financeira. Antes conhecida por ser “difícil” na concessão de crédito, a rede passou a trabalhar, caso a caso, em três grandes áreas: aprovação de novas contas, gerenciamento do limite de crédito e cobrança.
A rede passou a atender os clientes individualmente através da parceria financeira com o Itau. “Estava difícil trazer consumidores para lojas, mas (depois da mudança) tivemos grande sucesso”, afirma Desmartis, que não informou o número de clientes novos, nem de “recuperados”. “É nesse momento que precisamos mais do que nunca ampliar o sortimento de clientes”, conclui.
Diário do Comércio
Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto
Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.