De secretária a empreendedora, quem é, o que pensa e como trabalha Chieko Aoki
Publicado em 02/02/2015
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O rosto sereno e reservado de Chieko Aoki não revela, ao primeiro olhar, toda a sua destreza empreendedora. A simpática senhora, de 66 anos e cerca de 1,50 de altura, afirma que nos últimos anos tem trabalhado cada vez mais. Quase não sobra tempo para seu passatempo predileto: cantar Elvis Presley e Frank Sinatra no karaokê.
Leitora aficionada de obras de gestão – entre seus autores preferidos estão Jim Collins e Peter Drucker –, Aoki está lendo atualmente "Motivação 3.0", do escritor americano Daniel Pink. “O livro fala que apenas recompensas e punições não motivam mais as pessoas dentro de uma organização”, diz Chieko. “O que nos motiva é nossa satisfação pessoal e o legado que deixaremos para o mundo.”
De legado e motivação Chieko entende bem. Ela é fundadora da Blue Tree, empresa que administra 22 hotéis, em 18 cidades brasileiras, e emprega 2 300 funcionários. Em 2013, a empresa faturou R$ 350 milhões. Ano passado, a expectativa era crescer 10% – os números oficiais ainda não foram completamente mensurados.
Nascida no Japão, Chieko chegou ao Brasil aos seis anos. Na década de 1960, aos 18, iniciou sua vida profissional na Ford. O cargo: secretária. “Consegui a vaga logo na minha primeira entrevista. Adorei”, diz. Na mesma época, ela ingressou no curso de Direto da Universidade de São Paulo.
No início da década de 1970, aconteceu uma das grandes mudanças na vida de Chieko. Ela se casou com o empresário John Aoki, da companhia japonesa Aoki Corporation, que atuava nos setores de engenharia civil, navegação e hotelaria. O marido trouxe Chieko para o mundo dos hotéis. Era o início da carreira da Dama da Hotelaria.
Após estudar administração hoteleira em Tóquio e Nova York, ela atuou na área de marketing e vendas até chegar à presidência do Caesar Park e do Westin Hotels & Resorts, subsidiárias da empresa do marido. Aos 40 anos – e sem filhos –, ela comandava uma cadeia com cerca de 80 hotéis espalhados por 19 países.
Em 1992, Chieko foi responsável por criar a empresa Caesar Tower, focada em administrar hotéis de bom padrão, mas com tarifas mais baixas do que as dos cinco estrelas. Para ela, era um nicho de mercado promissor.
Anos mais tarde, um imprevisto mudou novamente sua carreira. John Aoki sofreu um acidente vascular cerebral que o tirou da vida empresarial. O episódio levou à venda do Caesar Park para o grupo mexicano Posadas, em 1997. Chieko deixou de ser uma executiva bem sucedida. “Mas não tive tempo para chorar.”
Ela usou a experiência de mais de 20 anos no setor para se tornar uma empreendedora. “Fiquei com alguns hotéis da antiga marca Towers e fundei a minha própria empresa, a Blue Tree”. A inspiração para nomear a nova empreitada veio de seu sobrenome. Aoki, em japonês, significa “árvore azul”.
Com um grupo de cerca de 20 funcionários, Chieko alçou voo solo. Nos anos 2000, a Blue Tree já administrava hotéis em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Florianópolis, Salvador e Porto Alegre. “O sucesso profissional só acontece quando você se mantém feliz consigo mesma – independente dos desafios que a vida te proporciona”, diz.
A EXPANSÃO DOS NEGÓCIOS DA EMPRESA
Recentemente, a Blue Tree passou a focar a abertura de unidades em cidades do interior do Brasil. A rede vai inaugurar oito empreendimentos fora de regiões metropolitanas até 2017. Cinco serão no interior de São Paulo, nos municípios de Piracicaba, São Carlos, São Roque, Valinhos e Votorantim. Unidades em Bauru e Lins já estão em operação.
A expansão acompanha a tendência do crescimento econômico das cidades de médio porte. Segundo uma pesquisa do Boston Consulting Group, o interior brasileiro vai crescer 28% entre 2012 e 2020. Um incremento de R$ 141 bilhões na economia – cerca de 60% a mais do que o montante movimentado nas capitais. Em Piracicaba, por exemplo, cerca de 30 000 famílias vão integrar as classes A e B até 2020 – número 36% maior em relação a 2010.
Esses municípios também têm em comum a presença de grandes empresas. Piracicaba é sede da Caterpillar e possui uma unidade da siderúrgica ArcelorMittal, que na última década recebeu investimentos de US$ 100 milhões para aumentar a produção. São Roque, com menos de 100 000 habitantes, tem uma unidade da Usina Fortaleza, uma das maiores produtoras de argamassa e revestimentos do país. Outro exemplo é Valinhos, que abriga grandes indústrias, como Eaton e Unilever, que empregam parte dos 118 000 valinhenses. ”
Para a Blue Tree, essas regiões apresentam um movimento de turismo de negócios que se tornará ainda mais promissor nos próximos anos. “O interior de São Paulo está recebendo cada vez mais empresas e indústrias, mas carece de infraestrutura para hospedar executivos e centros de convenções para reuniões e eventos.”
Diário do Comércio
Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto
Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.