Desemprego eleva inadimplência das famílias, diz CNC

Publicado em 01/10/2015

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A deterioração no mercado de trabalho é a principal razão por trás do pessimismo das familias brasileiras em relação à sua capacidade de quitar dividas em atraso, afirmou Marianne Hanson, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), nesta quarta-feira (30). Com o crédito mais caro e muitas pessoas perdendo o emprego, nem o 13.o salário será suficiente para trazer alívio ao nível de endividamento dos consumidores, algo costumeiro em anos anteriores. "No fim de 2014, tivemos redução do endividamento, mas este ano não deve ter um movimento tão forte, pois a conjuntura não está favorável. O desemprego tem um peso negativo, e as famílias não devem se livrar das dívidas tão rapidamente", afirmou Marianne. A parcela de famílias que tem contas em atraso e relata não ter condições de quitar essas dívidas chegou a 8,6% em setembro deste ano, o maior patamar desde junho de 2011, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da CNC. Esse indicador, que é uma espécie de "antecedente" da inadimplência, estava em 5,9% em setembro do ano passado. Até o ano passado, a inadimplência marcou recordes de baixa. O problema agora é que sua elevação pode encarecer ainda mais o crédito, que está mais restrito devido ao aumento dos juros. "Os bancos veem risco maior (de não pagamento) na concessão de crédito e, por isso, cobram mais juros", disse a economista. Quem puxa o aumento nas contas em atraso são justamente as famílias com renda mensal até dez salários mínimos. Entre elas, 10,2% não têm condições de pagar as dívidas já vencidas. "Elas são as mais afetadas, pois têm menos renda para acomodar os gastos. Além disso, a inflação diminui a renda disponível", completou. Nas famílias com renda superior a isso, o indicador está estável em 2,7%. PIORA NA PERCEPÇÃO Com a alta da inadimplência em 8,6% em setembro, segundo afirma a CNC, as famílias brasileiras estão mais endividadas e menos capazes de honrar seus compromissos financeiros. Esse dado mede a proporção de famílias que têm contas em atraso e relatam não ter condições de quitar essas dívidas. "Apesar da moderação no crescimento do crédito, a alta do custo dos empréstimos e o cenário menos favorável do mercado de trabalho exerceram impactos negativos nos indicadores de inadimplência", diz a CNC. Considerando as famílias que declaram apenas ter contas em atraso, a parcela chegou a 23,1%, número superior a agosto (22,4%) e a setembro de 2014 (19,2%). O percentual de famílias endividadas, por sua vez, chegou a 63,5% entre os 18 mil consumidores entrevistados pela pesquisa. Trata-se do maior nível já registrado esse ano e, pela primeira vez em 2015, supera o patamar visto em igual período de 2014, quando 63,1% das famílias declararam ter dívidas. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.