Empreender em meio à crise pode ser mesmo um bom negócio?

Publicado em 06/07/2015

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Após 18 anos como empregado, João Paulo vai usar o dinheiro da rescisão para diversificar “na vida”. O casal Frugis, por sua vez, busca uma segunda fonte de renda, já que um dos cônjuges está há cinco anos fora do mercado de trabalho. O autônomo Alexei decidiu usar sua “antiga reserva para eventuais problemas” para investir em uma nova oportunidade de ganhar dinheiro. Já as irmãs Aline e Brunella querem ampliar os negócios para se tornar “um ponto fora da curva” da recessão. Um público de perfis diversificados -mas no fundo, com o mesmo objetivo – lotou os corredores da Expo Center Norte na última edição da 24ª ABF Franchising Expo. Realizada na última semana de junho na capital paulista, a feira recebeu mais de 64 mil visitantes e contou com 480 marcas expositoras nacionais e internacionais. É fácil entender a razão. O segmento de franquias, que prevê repetir o crescimento de 7,7% em 2015, tem sido um dos mais procurados para investir e gerar renda neste complicado cenário econômico. De acordo com o levantamento recente da Endeavor Brasil, três de cada quatro profissionais entrevistados dizem que preferem empreender. "O franchising oferece oportunidades de expansão, com produtos atraentes e formatos que facilitam essa opção para pessoas que querem realizar o velho sonho de ter o negócio próprio", afirma Juarez de Paula, gerente de varejo do Sebrae Nacional. “O suporte de uma franqueadora reduz os riscos para quem investe a poupança de uma vida inteira para se tornar empreendedor”, diz. “Esse é o plano B em um cenário de retração mais profunda, a exemplo do que ocorreu em crises anteriores", diz Cristina Franco, presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising). Mas há uma diferença entre empreender e franquear. O especialista Marcus Rizzo, sócio da Rizzo Franchise, afirma que, no primeiro caso, monta-se o próprio negócio. No segundo, busca-se um negócio pronto. “Aqui, paga-se taxa de franquia para absorver o know-how de quem já fez, errou e agora vende os acertos", diz. Ou seja, antes de mais nada, é preciso avaliar em qual perfil você se encaixa. O SONHO DE CADA UM Na mesma empresa desde os 17 anos, o analista financeiro João Paulo de Faria, 35, demitiu-se há um mês. Acompanhado do amigo e futuro sócio, o advogado Leandro Prestes, Faria se interessou por franquias voltadas ao público infantil, como roupas ou máquinas de brinquedos da Mr.Kids, daquele formato estabelecido em supermercados e postos de gasolina. “Sempre tive o sonho de empreender, só não tinha coragem. Mas precisava ‘diversificar na vida’, então decidi usar a recisão para investir em franquias. Me pareceu o melhor negócio, pois já nasce forte”, acredita. Prestes, que decidiu embarcar no sonho do amigo, concorda: “Franquia é um negócio consolidado, muitas marcas se vendem por si. Em um cenário econômico duvidoso, permite apostar em nossa força de trabalho para continuar a ganhar dinheiro.” Quando saiu, guardou o dinheiro para futuro investimento. Agora, o casal decidiu que era hora de usá-lo.“Se ela voltar para o mercado, não terá uma remuneração compatível com sua experiência. Melhor arriscar assim”, afirma Antônio Carlos, hoje sócio de uma empresa de advocacia. Mesmo sem interesse específico por algum segmento, o casal de advogados Ana Paula e Antônio Carlos Frugis andava pela ABF Expo à procura de uma segunda fonte de renda. Com gêmeos de cinco anos, a advogada havia deixado a antiga empresa após 12 anos para cuidar dos filhos. Ana Paula diz que está à procura de algo promissor, mas com menor risco. “Sempre tive sonho de empreender. Mas com a crise, é interessante ter uma estrutura por trás.” Ana Vecchi, diretora da Vecchi Ancona Consultoria, afirma que, por duas vezes em que o mercado parou por conta de crises, nos anos 90 e após 2008, houve um grande crescimento do franchising. Isso porque, muitos profissionais com bom histórico de carreira apostaram no sistema por refletir menor risco. Além disso, esses analistas e executivos podem agregar sua experiência ao negócio. “É necessário ressaltar, porém, que se a transferência de know how possibilita o sucesso, por si não o garante. É preciso aprender a operar o negocio para adquirir experiência em um setor onde se pode ou não tê-la”, afirma. DIário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.