Empresários do varejo planejam campanha para erguer o consumo

Publicado em 23/03/2015

Tempo de Leitura • 4 min

Reunidos no Guarujá no 3º Fórum Nacional do Varejo, os empresários do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), liderados por Luiza Helena Trajano Rodrigues, do Magazine Luiza e presidente do instituto, planejam colocar em ação uma campanha institucional para melhorar a confiança dos brasileiros na economia. A agência de propaganda Talent apresentou uma proposta de campanha ao IDV no final do ano passado, que foi mostrada aos participantes do evento. “A ideia é revelar a importância do varejo no Brasil na geração de emprego no desenvolvimento de negócios, enfim, a contribuição do setor para este momento do Brasil”, afirma Marcos Gouvêa de Souza, presidente da GS&MD, e presidente do Lide Comércio. A campanha vai ser analisada pelos empresários do IDV e a melhor maneira de viabilizá-la. “Vamos ver se cada rede pode contribuir com uma parte para colocar a campanha no ar”, afirma Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e vice-presidente do instituto. Luiza Helena, que arrancou fortes aplausos da plateia em sua palestra, disse que o país passa por um momento sério, mas muito mais focado nas questões políticas do que econômicas. “Eu convoco todos vocês empresários e a sociedade para serem líderes cidadãos e para juntos construirmos um país maior. Não adianta a gente só reclamar e não fazer nada. O país tem condições de voltar a crescer. Quando o índice de crescimento cai, o consumidor fica com medo de comprar, mesmo que ele tenha emprego e renda. Precisamos mudar isso.” Como líder de uma rede de lojas que faturou no ano passado R$ 12 bilhões, Luiza Helena diz que tem a postura de fazer de tudo para a sua empresa sobreviva, sempre. O consumo, segundo ela, ainda tem muito para crescer e citou alguns números: 94% dos brasileiros não possuem tablets; 78%, notebooks e 63%, televisores de tela plana/LED. “Posso vender muito mais. O déficit de moradias no Brasil é de 23 milhões de unidades. Imagina quanto eu ainda posso vender de fogão, geladeira, máquinas de lavar e televisores.” O primeiro trimestre, segundo ela, foi um pouco mais difícil para a sua empresa. “Mas o fato é que eu cresci aprendendo a lidar com a crise, cresci com a crise. Na verdade, acho que eu vou ter que aprender a trabalhar quando não tiver de enfrentar uma crise no país”, brinca ela. A fórmula de João Appolinário, CEO da Polishop, para enfrentar esta fase de retração econômica, consiste em explicar muito bem os benefícios dos produtos, muito mais do que focar a atenção só em preço. “As pessoas buscam uma vida melhor e quando elas percebem que são capazes de viver melhor com algum produto, a decisão de compra é automática. É preciso olhar e entender o consumidor, não apenas empurrar os produtos”, afirma. Com 220 lojas, a Polishop começou a adotar a política do omnichannel, o uso simultâneo de vários canais de vendas, em 1999, quando a expressão nem era usada. E essa forma de venda, de acordo com Appolinário, passou a ser fundamental nos dias de hoje em todas as redes de lojas. “O que vemos é que, nos últimos anos, houve uma revolução digital e isso fez com que as pessoas mudassem a forma de se informar, de se comunicar, de comprar e de pensar. Lembra das páginas amarelas que eram usadas para achar um endereço, um telefone? E quando a gente tinha uma fita cassete de música e, para ouvir a quarta música, aquela que a gente mais gostava, tinha de escutar as três anteriores? Isso mudou, assim como a cabeça do consumidor, que tem o poder e o controle do consumo”, afirma. O sucesso de vendas de uma linha de fritadeira elétrica, segundo ele, exemplifica bem o quanto o consumidor precisa ser informado para comprar. “Nós explicamos a facilidade que a fritadeira oferece e conseguimos vender o produto por R$ 1.200. E não só nós, o mercado brasileiro vendeu no ano passado, de todas as marcas, 2 milhões de unidades, em comparação com 1,4 milhão em toda a Europa.” A Polishop tomou a decisão no ano passado, segundo ele, de não participar da crise. “Devemos abrir mais 50 lojas neste ano, ampliando o número de empregados - hoje são 3.200. Nós entendemos que este momento que vivemos é passageiro e é também um momento de oportunidades. Este formato de omnichannel nos permite passar muito melhor por esta fase complicada”, diz. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.