Modelo anticrise: confecções investem em moda plus size

Publicado em 04/04/2016

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O índice de brasileiros acima do peso segue em crescimento no país. Mais da metade da população está nesta categoria (52,5%), de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Mesmo com um número tão representativo, o número de lojas que atende a esse público ainda é muito restrito. A estimativa é que existam 300 lojas físicas e aproximadamente 60 virtuais dedicadas a consumidores de roupas acima do tamanho 44 - um mercado que movimenta mais de R$ 5 bilhões no Brasil, correspondente a 5% do faturamento total do vestuário. O crescimento anual do segmento, de 3%, equivale à metade da evolução de vendas de moda feminina (6%), de acordo com levantamento da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest). A expectativa é que em 2016 esse número chegue a 10%. Sustentado nesses números, o segmento pode se tornar a "tábua de salvação" do mundo da moda, que vem registrando perdas em meio a crise. Os dados da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) mostram que as importações de têxteis e confeccionados tiveram queda de 17,4% (US$5,85 bi). Enquanto isso, o setor de varejo de vestuário brasileiro encolheu 8% (6,45 bi de peças), em 2015, ante 1,1%, em 2014. Para Roberto Chabad, presidente da Abravest, a padronização de medidas – uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) será um divisor de águas nesse cenário. Ele explica que a novidade irá delimitar novas modelagens para os números do 52 ao 62, que normalmente, ficam compreendidos entre o G e o GG, deixando um grande público de fora. O novo padrão já foi definido para os homens, e o mesmo deve acontecer para as mulheres até o final deste ano. Mesmo com o uso voluntário entre as marcas, Chabad acredita que a medida pode impulsionar o mercado por se tratar de um diferencial para as confecções. Marcas como Pernambucanas, e Renner foram pioneiras ao abrir um espaço exclusivo para esse público em suas lojas, em 2010. Em seguida, a Malwee também foi uma das primeiras a abraçar a causa ao lançar a Wee! Fashion Curves, especializada em moda plus size. PRODUÇÃO Márcia Sampaio, 43 anos, gerente da confecção Kiara, no Bom Retiro, afirma que os custos que envolvem a produção de peças maiores podem ser uma das explicações para a atual baixa oferta de peças em tamanhos maiores. Um modelo plus size leva no mínimo, o dobro de tempo para ser produzido quando comparado a uma peça tradicional, de acordo com Márcia. Além de utilizar mais tecido, as modelistas precisam de mais técnica, pois além de vestir, as peças têm como função disfarçar, sustentar, e também valorizar o corpo de quem a vestir. Com experiência no ramo da moda, Cynthia Horowicz, 52, sua irmã, Cristina Horowicz, e a terceira sócia Sylvia Sendacz perceberam que a medida que o mercado de vestuário feminino evoluía, as consumidoras plus size ficavam para trás. Sem boas opções de compra, elas apostaram nesse nicho para aumentar o seu alcance de público. A ideia era adaptar a confecção própria Creare, e oferecer as peças em uma loja virtual, a Flaminga. “A aceitação foi tão positiva, que percebemos que havia a necessidade de oferecer diferentes estilos de roupas.“ Além ganhar um sócio-investidor, Ary Mifano, em poucos meses, o site se tornou um espaço aberto para a venda de mais de 40 marcas e que, atualmente, possui um ticket médio de R$ 325,81 - valor acima da média do mercado. Ávidas por entender como pensam e consomem essas mulheres, as sócias idealizaram uma pesquisa em que 1.400 mulheres foram consultadas. “Curiosamente, descobrimos que elas preferem comprar pela internet para evitar o constrangimento”, diz. Além de não encontrar o tamanho certo, algumas entrevistadas chegaram a citar que já foram maltratadas por funcionários. “Para prestar um serviço com excelência oferecemos um atendimento especializado, uma espécie de consultoria online. E dá super certo.” O investimento inicial de R$ 200 mil rendeu um faturamento de R$ 3,3 milhões para o e-commerce, em 2015. A expectativa é que esse valor suba para R$ 5 milhões neste ano. “O mercado plus size ainda tem muito a crescer. Alguns estudos apontam que cerca de 60% das mulheres estará em situação de sobrepeso até 2020”, afirma Cynthia. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.