O consumidor está mais confiante, mas continua avesso ao risco
Publicado em 22/07/2016
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A evolução recente dos indicadores de confiança não se traduziu ainda em estímulo à demanda de crédito por parte do consumidor e dos empresários.
A Boa Vista SCPC informou nesta quinta-feira, 21/07, que a procura do consumidor por crédito apontou queda de 8,9% no primeiro semestre do ano, contra o mesmo período do ano anterior.
No acumulado de 12 meses terminado em junho a queda atinge 5,1% e na avaliação interanual, que compara junho deste ano com idêntico mês em 2015, a retração foi de 8,2%.
Já na avaliação mensal contra maio, o indicador apontou queda de 3% na série de dados com ajuste sazonal.
EMPRESAS
Do lado empresarial, o Indicador de Demanda por Crédito das Micro e Pequenas Empresas apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) atingiu o menor patamar da série, retrocedendo 6,85 pontos desde o início da pesquisa, em maio de 2015, de 16,36 pontos para 9,51 pontos no mês de junho.
Na comparação com maio deste ano, quando o indicador estava em 13,44 pontos, também houve queda.
De acordo com a Boa Vista SCPC, apesar de alguma melhoria de expectativas para a economia, o cenário predominante ainda é de muita incerteza para o consumidor.
Segundo a empresa, fatores como altas taxas de juros, rendimentos reais negativos e desemprego elevado são algumas das variáveis condicionantes deste resultado. "Desta forma, a expectativa é de que a demanda por crédito continue em patamares negativos, revertendo o cenário somente a partir de 2017", preveem os técnicos da Boa Vista SCPC.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, alguns indicadores macroeconômicos já dão mostras de que a pior fase da crise pode ter ficado para trás, mas a plena recuperação das condições econômicas e sociais ainda será lenta e gradual.
"Depois de mais de um ano de muitas incertezas, o Brasil levará tempo para restaurar a confiança perdida e retomar a trajetória do crescimento", explica Pinheiro.
EXPECTATIVA
De acordo com o levantamento feito pela CNDL, apenas 5,38% dos micro e pequenos empresários possuem a intenção de contrair crédito para seus negócios no horizonte de 90 dias. A maior parte dos entrevistados, 89%, declarou não ter essa intenção.
Quando indagados sobre a negativa, 45,6% disseram que conseguem manter suas empresas com recursos próprios, sendo desnecessário buscar outras fontes. As altas taxas de juros também são fator de impedimento, mencionadas por 12,5% dos que não pretendem tomar crédito.
O micro e pequeno empresariado brasileiro também tem se mostrado pouco interessado em realizar investimentos em seus negócios. O indicador de propensão a investir registrou somente 21,37 pontos em junho.
No mesmo mês do ano passado ele estava em 25,98 pontos e em maio deste ano, em 25,22 pontos na escala que varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, mais o empresário tende a realizar investimentos.
O estudo mostra que 75% dos micro e pequenos empresários não pretendem investir nos próximos três meses, sendo a principal razão a desconfiança diante da crise (47,7%).
Outros 33,3% dizem não ver necessidade de investir e 11,8% afirmam ter feito investimentos recentes e estão aguardando o retorno. "A recessão e o aumento do custo do capital tornam os empresários mais cautelosos diante da possibilidade de expandir seus negócios e de assumir dívidas para fazer frente a investimentos", explica a economista da SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Diário do Comércio
Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto
Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.