Retração econômica deve chegar a 1,97% em 2015

Publicado em 10/08/2015

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A deterioração das previsões do mercado financeiro para a atividade no País está cada vez mais forte este ano, enquanto a perspectiva de recuperação em 2016 perde a intensidade. De acordo com o Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira (10/08) pelo Banco Central, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 foram revisadas mais uma vez para baixo: a expectativa de retração de 1,8% foi substituída por uma queda de 1,97% agora. O documento é divulgado pelo Banco Central toda segunda-feira pela manhã. Há um mês, a mediana das previsões estava negativa em 1,50%. Para o PIB de 2016, a estimativa passou de 0,2% para 0% agora. Um mês antes, estava em 0,5%. O BC, apesar de também ter revisado para pior sua projeção, de queda de 0,6% para retração de 1,1%, segue mais otimista que o mercado. No Relatório Trimestral de Inflação de junho, a instituição informou que a mudança ocorreu em função de piora nas perspectivas para a indústria, cuja expectativa de PIB recuou de -2,3% para -3%. No boletim Focus desta segunda-feira, a projeção para a produção industrial foi revisada de baixa de 5% para queda de 5,21%. Já para 2016, a mediana das estimativas segue aponta para um crescimento na produção, mas a expectativa perdeu a força, passando de alta de 1,3% para 1,15% - um mês antes era 1,4%. Para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, a projeção dos analistas é a de que deve encerrar 2015 em 36,2% e não mais em 37% como apontado na semana passada. Em 2016, a projeção de 38,5% foi mantida. Há quatro semanas, as medianas das previsões para esse indicador eram de, respectivamente, 37,2% e 38%. INFLAÇÃO O esforço de levar as projeções do mercado financeiro para convergir para a meta de 2016 deu um passo atrás no Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira. De acordo com o documento, a mediana das projeções para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor amplo) do ano que vem subiu de 5,40% para 5,43%. O BC promete levar a inflação para a meta de 4,5% em 2016, mas, recentemente, a autarquia vem chamando a atenção para "novos riscos" que surgiram para o comportamento dos preços. Mesmo com esta alta agora, no entanto, a projeção ainda é menor do que a vista há um mês. Na ocasião, a mediana para o IPCA de 2016 estava em 5,44%. Pelos cálculos da instituição revelados no RTI (Relatório Trimestral de Inflação) de junho, o IPCA ficará em 4,8% em 2016 no cenário de referência e em 5,1% no de mercado. No caso da inflação de 2015, houve elevação pela 17ª vez seguida. A estimativa para o IPCA deste ano avançou de 9,25% da semana anterior para 9,32% agora. Há um mês, essa projeção estava em 9,12%. No RTI de junho, o Banco Central havia apresentado estimativa de 9% no cenário de referência e de 9,1% usando os parâmetros de mercado. Na última ata do Copom, da semana passada, o BC informou que suas projeções para 2015 também subiram mais. Chama atenção também o movimento do Top 5, grupo dos economistas que mais acertam as estimativas, nas estimativas apresentadas hoje. A mediana para o IPCA de 2015 passou de 9,27% para 9,53%. A nova previsão também está maior do que a de há um mês, quando era 9,12%. No caso de 2016, a previsão desse grupo passou de 5,41% para 5,42%. Quatro semanas antes estava em 5,27%. Para a inflação de curto prazo, não houve mudanças. A projeção para o IPCA de agosto permaneceu em 0,30% no período. No caso de setembro, que apareceu pela primeira vez no documento, a taxa esperada é de 0,40%, a mesma do levantamento anterior. Já as expectativas para a inflação suavizada 12 meses à frente foram reduzidas pela sétima semana seguida e passaram de 5,67% para 5,59%. Há quatro semanas, estavam em 5,85%. CÂMBIO Mesmo após o diretor de Política Monetária, Aldo Mendes, se pronunciar sobre a taxa de câmbio, avaliando que a cotação do dólarestava muito acima do que apontavam os fundamentos brasileiros, e de uma intervenção maior no mercado, com a volta da rolagem integral dos contratos de swap cambial, o Relatório de Mercado Focus trouxe um aumento nas projeções para a taxa de câmbio pela terceira semana consecutiva. O documento mostra que a mediana das estimativas para o câmbio em 2015 passou de R$ 3,35 para R$ 3,40. Há quatro semanas, o ponto central da pesquisa estava em R$ 3,23. Com isso, a cotação média ao longo do ano sofreu alteração na pesquisa Focus, passando de R$ 3,18 para R$ 3,20. Quatro semanas atrás, estava em R$ 3,09. Para o próximo ano, a mediana para o câmbio ao final do período subiu pela segunda semana seguida, passando de R$ 3,49 para R$ 3,50 - há quatro edições do Focus a taxa era de R$ 3,40. No caso da cotação média de 2016, também houve mudanças, passando de R$ 3,38 para R$ 3,44. PREÇOS ADMINISTRADOS Sem demonstrarem ter um teto, as previsões do mercado financeiro para os preços administrados ou monitorados pelo governo deste ano não param de subir. Para 2015, as projeções revelam que a mediana passou de 15,12% da semana passada para 15,14% agora. Um mês atrás, a pesquisa apontava taxa de 14,90% para esse conjunto de itens. Para 2016, a expectativa no boletim apresentada hoje mostrou leve alívio, de 6,00% para 5,90%. Quatro semanas atrás essa projeção era de 5,96%. Essas projeções são mais pessimistas do que as do Banco Central. Segundo a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada na quinta-feira (06/08), o BC estima uma variação de 14,8% em 2015 ante 12,7% da reunião do Copom de junho. Para 2016, as previsões da autoridade monetária passaram de 5,3% para 5,7% no mesmo período. A piora da expectativa do BC considerou em suas análises, a hipótese de variação de 9,2% o preço da gasolina e de 4,6% no de gás de botijão. No caso das tarifas de telefonia fixa, o colegiado prevê uma retração de 3%, mas uma alta de 50,9% no da energia elétrica. SELIC Depois da divulgação da ata do Copom, as expectativas do mercado financeiro para a taxa básica de juros praticamente ficaram inalteradas em todos os horizontes. A previsão do Focus é de que a Selic chegue ao final deste ano em 14,25% ao ano foi mantida. Esta é a mesma previsão da semana anterior e também o nível em que já se encontra hoje depois que o Copom elevou a Selic há cerca de 10 dias. Para 2016, a previsão está estacionada em 12% ao ano há três semanas. A Selic média de 2015 também se manteve inalterada entre uma semana e outra, em 13,63%. Já a para 2016 subiu de 13,13% para 13,16% ao ano agora, o que pode ser um sinal de que, para alguns participantes da pesquisa Focus ainda há chance de mais uma alta no ano que vem - ou, pelo menos, uma diminuição das previsões de baixa. Entre os economistas que mais acertam as projeções para o rumo da taxa básica de juros, o grupo Top 5 no médio prazo, não houve mudanças para este ano: a Selic deve encerrar 2015 em 14,25%. Já para 2016, a mediana das previsões passou de 11,88% ao ano para 12,13% ao ano, o que denota uma divisão de opinião entre os componentes desse grupo entre um encerramento em 12,00% ou 12,25% no fechamento de 2016. COMÉRCIO EXTERNO Os dados do setor externo seguem com melhorias. A mediana das previsões para a balança comercial de 2015 passou de US$ 6,40 bilhões para US$ 7,70 bilhões de uma semana para outra. Quatro edições antes, estava em US$ 5,50 bilhões. Já para 2016, o ponto central da pesquisa houve um ligeiro avanço, de US$ 14,79 bilhões para US$ 15 bilhões de uma semana para outra - um mês antes estava em US$ 13 bilhões. No caso das previsões para a conta corrente, o mercado financeiro também reduziu a expectativa de um déficit de US$ 78,60 bilhões para US$ 77,50 bilhões em 2015. Quatro semanas atrás, a projeção era de déficit de US$ 80,50 bilhões. Já para 2016, a perspectiva de saldo negativo mudou de US$ 70 bilhões para US$ 68,50 bilhões - um mês antes estava em US$ 73 bilhões. Apesar disso, os analistas consultados semanalmente pelo BC estimam que o ingresso de investimentos para o setor produtivo será insuficiente para cobrir esse resultado deficitário em 2015 e também no ano que vem. Nos últimos meses, segundo participantes, os analistas tentam reestimar as projeções levando em consideração a mudança de metodologia da nota do setor externo, em abril. A mediana das previsões para o novo Investimento Direto no País (IDP) passou de US$ 66 bilhões para US$ 65 bilhões em 2015, um mês antes estava em US$ 66 bilhões. Para 2016, permaneceu em US$ 65 bilhões pela 11a semana consecutiva. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.