Siga as pistas sobre os gastos dos brasileiros até 2019

Publicado em 21/05/2015

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O varejo brasileiro viveu uma década de ouro, como costumam afirmar, em palestras pelo Brasil, os empresários Luiza Helena Trajano e Flávio Rocha, do Magazine Luiza e da Riachuelo, respectivamente. De 2005 a 2014, o volume de vendas no setor cresceu. em média, 6,3% ao ano, bem acima do PIB (Produto Interno Bruto). Alguns segmentos do varejo chegaram a crescer até dois dígitos em apenas um ano. A questão que hoje se coloca é: a fase áurea é uma página virada na história do varejo brasileiro? A economia brasileira desacelerou, a inflação subiu, o desempregou aumentou, o consumidor está mais endividado e, além disso, perdeu a confiança na estabilidade do emprego. Na melhor das hipóteses, nas projeções de economistas, o país deve registrar crescimento zero neste ano. Todos esses fatores colocam um grande ponto de interrogação sobre o futuro do varejo. Quais setores serão capazes de se dar bem (ou não) nos próximos anos? A Euromonitor Internacional, consultoria specializada em pesquisa e análise de mercado, acaba de divulgar um estudo que pode dar algumas pistas sobre o comportamento do consumidor brasileiro nos próximos cinco anos. A empresa selecionou 16 categorias de consumo, como vestuário e calçados, alimentos, eletroeletrônicos, comunicações e serviços médicos, e verificou os gastos anuais do consumidor em cada uma delas no período de 2009 a 2014. Em seguida, fez uma projeção para esses gastos para o período de 2014 a 2019, considerando todos os fatores macroeconômicos que marcam a economia brasileira neste ano. Todas as categorias selecionadas devem crescer, o que é uma boa notícia. Mas em ritmo inferior ao dos últimos cinco anos. Na média, os gastos anuais do consumidor das 16 categorias listadas cresceram 4,21% ao ano, entre 2009 e 2014. A projeção da Euromonitor para os próximos cinco anos é de um crescimento médio anual de 2,4%, isto é, de 1,8 ponto percentual a menos. Os gastos do consumidor com alimentos e bebidas não-alcoólicas, que subiram 3,62% ao ano, de 2009 a 2014, devem crescer 1,67% ao ano, no perído até 2019. No caso de roupas e calçados, os percentuais de crescimento diminuem de 3,83% para 2,09%. Para a Euromonitor, o endividamento do consumidor impede que ele faça compras a prazo, contraindo, principalmente, as vendas de bens mais caros, como carros e eletroeletrônicos. O orçamento mais apertado também provoca a substituição de marcas mais caras por mais baratas nas compras do dia a dia dos supermercados. E, com a alta da inflação, na avaliação de analistas da Euromonitor, pode voltar até o velho hábito de anos atrás, quando a compra do mês era feita em um único dia na tentativa de evitar reajustes. Tudo isso mexe com o desempenho de vários setores, não há dúvida, mas, segundo analistas da Euromonitor, pode ser uma situação mais conjuntural. As conquistas do consumidor da última década vieram para ficar. Independentemente de o país enfrentar ou não uma forte recessão, o consumo de algumas categorias de produtos tem grandes chances de continuar crescendo, e com taxas até bem consideráveis nos próximos cinco anos. As vendas do varejo de produtos para beleza e cuidados pessoais cresceram 7% ao ano no período de 2009 a 2014. Segundo projeção da Euromonitor, essa categoria de produtos deve crescer 6,6% ao ano de 2014 a 2019. No caso de games, o crescimento anual, de 8,1%, no período de 2009 a 2014, deve passar para 8,5%, de 2014 a 2019. Um setor que chama a atenção, ainda segundo o levantamento da Euromonitor, é o de venda de passagens online: cresceu 17,7% ao ano, de 2009 a 2014, e deve crescer 10,7% ao ano, de 2014 a 2019. No caso de eletrodomésticos, o crescimento, que foi de 5,3% ao ano nos últimos cinco anos, deve passar para 4,5% ao ano até 2019. FOCO NO BEM ESTAR DO CONSUMIDOR “O que fica claro neste estudo é a tendência de aumento de demanda por bens e serviços capazes de melhorar a vida do consumidor. Nos últimos dez anos, o Brasil passou por uma fase de atendimento das necessidades básicas do consumidor. A partir de agora, ele quer mais produtos e serviços que tragam bem estar e que possam contribuir para melhorar a sua saúde”, diz Fábio Silveira, diretor de pesquisas econômicas da GO Associados. Fazendo uma analogia, Silveira diz o seguinte: na década passada, o consumidor construiu a casa, agora ele quer equipá-la e usufruir um lar mais confortável. As compras de bens mais caros podem demorar um pouco mais do que o brasileiro previa, por conta das condições da economia, mas o desejo do conforto e de uma vida mais saudável veio para ficar. A rede de supermercados Covabra, com 12 lojas no interior de São Paulo, nota que o consumidor está, neste momento, mais sensível e que existe uma tendência de troca de produtos mais caros por mais baratos, o que já se percebe, na verdade, desde o final do ano passado. “Mas é algo leve. Algumas categorias de produtos estão em crescimento, mesmo neste ano, como a de alimentos orgânicos, sem glúten, com menos adição de açúcar, sal e sódio. Isso porque o consumidor está cada vez mais preocupado com a saúde, e isso não para mais”, afirma Ronaldo dos Santos, diretor da Covabra. Diario do Comercio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.