Carregar dívidas tem se mostrado uma experiência traumática para os consumidores, como mostra um estudo da Boa Vista SCPC – Serviço Central de Proteção ao Crédito. O levantamento mostra que 84% dos consumidores que estavam inadimplentes não pretendem fazer novas compras nos próximos meses, mesmo tendo limpado o nome. A pesquisa foi realizada de 23 de maio a 3 de junho de 2016, com 1.014 pessoas. O mesmo estudo, realizado no primeiro trimestre, mostrava que esse porcentual era menor, de 76% dos entrevistados. Ou seja, aumentou em 8 pontos percentuais a fatia dos ex-inadimplentes que se dizem mais criteriosos para gastar. Entre os consumidores que pretendem voltar às compras 37% planejam comprar carro zero. Na pesquisa anterior esse porcentual era maior, de 46%. A compra da casa própria aparece em segundo lugar, com 21% das intenções daqueles que limparam o nome e pretendem voltar a gastar, contra 18% do levantamento feito no 1º trimestre. CAUSAS DAS DÍVIDAS Gastos com o pagamento de contas diversas - como as de educação e saúde - seguidos das compras de itens de vestuário e calçados, são os principais causadores da inadimplência, ambos com 19% das menções dos entrevistados. Os gastos com contas de concessionárias (água, luz e gás) aparecem em terceiro lugar, com 17% das menções, Dos inadimplentes, 42% afirmam que não conseguiram pagar suas contas em dia em função do desemprego. O desemprego afeta mais as famílias que ganham até dez salários mínimos: citado por 46% dos entrevistados que recebem até 3 salários mínimos e 37% daqueles que ganham de 3 a 10 salários. O segundo motivo foi o descontrole financeiro, com 24% das menções. Entre os inadimplentes, 34% dizem que o valor devido nas contas em atraso não ultrapassa R$ 500,00. Para 16% deles, as contas vencidas já ultrapassam R$ 5.000,00. De modo geral, considerando todas as dívidas mencionadas, o valor médio devido neste segundo trimestre de 2016 é de R$ 1.750,00. Entre os meios de pagamento utilizados para efetuar as compras cujas dívidas não foram pagas estão as despesas com carnês ou boletos, que cresceram 13 pontos percentuais em comparação ao mesmo trimestre de 2015, passando de 29% para 42% das menções. As compras realizadas com o cartão de crédito surgem em segundo lugar, com 30% das menções. Quanto à percepção de endividamento, a pesquisa da Boa Vista SCPC mostrou que 23% dos consumidores afirmam estar muito endividados, 42% mais ou menos e 35% pouco endividado. Ainda de acordo com a pesquisa, sobe de 20% para 33% o percentual de consumidores que afirmam ter uma situação financeira pior neste trimestre em comparação ao de 2015. Para 44% deles a situação está igual e para 23% está melhor. Diário do Comércio