Varejo registra maior queda nas vendas em 12 anos
Publicado em 15/04/2015
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As vendas no varejo caíram 3,1% em fevereiro quando comparadas com igual mês do ano passado. O resultado, atribuído ao varejo restrito - que não inclui as vendas de veículos e materiais de construção -, é o pior desde outubro de 2003. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE)
A queda foi maior do que a prevista pelos analistas de mercado, que em geral anteviam um recuo de pouco mais de 2%. Para Emilio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a comparação entre fevereiros não pode ser tomada como parâmetro para o comportamento das vendas do ano por causa do efeito do Carnaval.
O Carnaval muda o comportamento de compra dos consumidores. Neste ano ele caiu em fevereiro, mas em 2014 aconteceu em março. “Provavelmente vamos observar os números do IBGE um pouco melhores em março”, diz o economista.
Na comparação com janeiro de 2015, os números do instituto para fevereiro mostram um uma queda menor, de 0,1%. No primeiro bimestre do ano houve queda de 1,2%. No acumulado em 12 meses, alta de 0,9%.
Ainda considerando o varejo restrito, as quedas mais acentuadas foram observadas entre produtos de maior valor agregado, que são mais dependentes do crédito. O segmento de eletrodoméstico mostrou recuo de 10,1% e o de móveis, queda de 11%.
Excluindo a influência do Carnaval, os outros fatores que, segundo Alfieri, estão influenciando o comportamento de compra dos consumidores são a desaceleração do crédito, da massa salarial e o aumento do desemprego. Estes sim devem ser levados para as projeções das vendas no ano.
“Assim como o governo faz seu ajuste fiscal, os consumidores estão fazendo seus ajustes de orçamento diante desses fatores menos favoráveis”, explica o economista da ACSP.
O Índice Nacional de Confiança (INC), um levantamento feito pela ACSP juntamente com o Instituto Ipsos, mostrou que o consumidor está menos disposto a gastar nos próximos seis meses. De um total de 1,2 mil entrevistados em março no país, 51% apontaram que não estão à vontade para fazer compras de grande valor, como a aquisição eletrodomésticos. Em janeiro esse percentual era bem menor (36%).
De maneira semelhante, o receio de perder o emprego, que em janeiro era apontado por 16% dos entrevistados, passou a ser uma preocupação para 23% em março.
VEÍCULOS
No varejo ampliado (que considera as vendas de veículos e materiais de construção) a queda entre fevereiro deste ano e do ano passado foi de 10,3% segundo o IBGE. Em veículos a queda, em igual base de comparação, foi de 23,7%. Na comparação com janeiro, as vendas do segmento em fevereiro recuaram 3,5%.
No caso de materiais de construção a queda foi de 13% entre fevereiro deste ano ante igual mês do ano passado e de 0,7% na comparação com janeiro.
Diário do Comércio
Sobre o autor
Alberto Spoljarick Neto
Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.