Volta do crescimento é o que esperam lideranças empresariais

Publicado em 02/09/2016

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Após a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff, entidades de diferentes setores empresariais avaliaram quais serão os desafios que o novo governo terá pela frente. É consenso entre os empresários que as ações adotadas deverão buscar o estímulo aos investimentos e a redução dos gastos públicos. Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), disse que, com a posse de Michel Temer abre-se, um novo período na história do Brasil. “Esse momento histórico representa o fim de um projeto de poder de um grupo político que considerava o Estado promotor do desenvolvimento e tutor do setor privado, intervindo excessivamente na economia, além de inibir e burocratizar a atividade produtiva”, disse Burti, para quem “o impeachment foi o melhor para o Brasil.” Para o presidente da ACSP, agora cabe a Temer liderar mudanças que promovam o ajuste fiscal e a retomada do crescimento. “A confiança depositada pelos agentes econômicos no presidente e na sua equipe econômica precisa ser referendada por resultados efetivos no controle dos gastos públicos, o que depende muito do Congresso”, disse Burti. Nesse sentido, o presidente da ACSP apela aos deputados e senadores que analisem e aprovem as propostas de ajuste considerando apenas os interesses do País e não de grupos, partidos ou conveniências político-eleitorais. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, considera que o ajuste fiscal é a “reforma”, mais importante, mas tem de ser feito sem aumento de impostos. “O governo deve controlar seus gastos, eliminar os desperdícios e combater a corrupção. O equilíbrio fiscal deve ser feito sem aumento de impostos. Os brasileiros não admitem aumento de impostos”, afirmou Skaf. Para o presidente da Fiesp, o Congresso deve ser rápido em aprovar a proposta de emenda constitucional que institui um teto para os gastos públicos, limitando-o à inflação do ano anterior. “Não há alternativa. Se tivéssemos aprovado o teto há dez anos, a dívida pública, que hoje é de quase R$ 4 trilhões, estaria em R$ 700 bilhões”, disse Skaf cobra ainda do governo a diminuição da taxa de juros, o aumento da oferta de crédito e o retorno das obras de infraestrutura do país por meio de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs). Já a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) destacou em nota que o desafio é resgatar a credibilidade e a atratividade da economia brasileira para investidores internos e externos. “Deve ser prioridade uma agenda de reformas fiscal, da previdência e política, além de um novo processo de privatizações, ainda mais ousado do que o ocorrido na década de 1990”, informou a entidade por meio de nota. De acordo com a FecomercioSP, é fundamental ajustar o tamanho do estado à real capacidade contributiva da sociedade, “É imprescindível o resgate do tripé econômico (superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação), pois o Brasil somente conseguiu resultados virtuosos na década passada, inclusive o grau de investimento, graças ao respeito a esses instrumentos”, traz a nota da Fecomercio. MODERAÇÃO O diretor de competitividade da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mario Bernardini, disse que aguarda um "certo anticlímax" após a confirmação do impeachment de Dilma Rousseff, o que deve causar moderação do otimismo dos investidores com o governo de Michel Temer. Segundo Bernardini, se antes a atuação do Executivo era comprometida pela interinidade, agora a dificuldade passa a ser a aprovação de medidas no Congresso por um governo sem lastro em votos. "Temer não fazia nada porque, como se dizia antes, era interino. Agora, continuará sem fazer nada porque seu governo não teve 54 milhões de votos nas urnas", afirmou o diretor da Abimaq. Bernardini disse esperar que o dólar suba para R$ 3,30 nos próximos dias. Quanto ao câmbio, ele sua expectativa é a de que os “Estados Unidos influenciem mais a cotação do dólar do que fatores ligados à política econômica doméstica.” O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) cobra agilidade nas medidas de recuperação econômica. "A correção do grave desequilíbrio das contas públicas é um dos principais itens de uma vasta agenda que tem como desafios a volta do crescimento sustentado, a redução da inflação e dos juros e uma taxa de câmbio bem calibrada. Reformas como a previdenciária, a trabalhista e a tributária precisam avançar com celeridade", afirmou o sindicato em nota. O Sinduscon-SP também defendeu a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, mobilizando os recursos necessários para a contratação de 1,2 milhão de unidades habitacionais até 2018, bem como para a conclusão das obras já em andamento. Além disso, cobrou prioridade nas medidas para impulsionar as concessões e as Parcerias Público-Privadas (PPPs) no setor de infraestrutura mediante projetos com atratividade financeira e segurança jurídica aos investidores. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, defende que as reformas da Previdência e das leis trabalhistas sejam prioridades do governo de Michel Temer. Em nota divulgada à noite, a entidade afirma que o desfecho do processo de impeachment e a consequente posse de Temer "abrem o caminho para o entendimento em torno das reformas necessárias para garantir o futuro do País". "Com o cenário político mais claro, é hora de alcançar consensos para decidir, com firmeza e determinação, o que precisa ser feito para deixarmos a crise no passado e retomarmos o crescimento econômico", afirmou o presidente CNI. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.