Comerciantes dão dinheiro para clientes que visitarem lojas

Publicado em 16/11/2015

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O movimento nas lojas está fraco. As vendas do comércio paulista recuaram 15,4% em agosto em comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o boletim ACVarejo, da Associação Comercial de São Paulo. A retração acumulada no ano é de mais de 6%. E não são apenas os números. Num breve passeio pelos grandes centros comerciais é fácil perceber que alguns estabelecimentos estão mais vazios e que outros estão fechando as portas. É em momentos como este que o uso de novas tecnologias pode ser um importante aliado dos comerciantes. Há diversas ferramentas que podem aprimorar a gestão e as vendas. Mas um novo aplicativo promete ir além: trazer os consumidores para dentro das lojas. CLIENTES PARA DENTRO, CRISE PARA FORA O nome da ferramenta é PiggyPeg (uma mistura das palavras porco, em inglês, e o verbo pegar). O app começou a funcionar seis meses atrás. E foi concebido pelo empresário Eduardo Moreira, sócio do banco Pactual e um dos fundadores do Banco Brasil Plural. Entre um empreendimento e outro, ele começou a estudar sobre o varejo. Certo dia, Moreira se impressionou com um dado: o movimento médio em pequenas lojas é de 15 pessoas durante os dias de semana. O número fica ainda mais baixo em momentos de crise. “Fiquei me perguntando como esses comerciantes sobrevivem com um fluxo tão baixo de clientes”, afirma Moreira. Assim surgiu a ideia de um aplicativo que fosse capaz de levar mais consumidores para dentro desses estabelecimentos. Moreira decidiu criar um método que fosse efetivo. Para isso, seu aplicativo deveria quebrar com a lógica tradicional, que se baseia no seguinte esquema: as lojas contratam agência de publicidade para criar campanhas para chamar a atenção dos clientes. As agências anunciam em veículos da mídia. E dessa forma, o público-alvo é atingindo. A lógica do aplicativo é a de que os comerciantes peguem o dinheiro que gastariam em publicidade e repassem diretamente para os consumidores, por meio do PiggyPeg. “Somos uma mistura de nota fiscal paulista, porque remuneramos os consumidores, com o marketing digital do Google Ads ”, afirma Moreira O app oferece uma pequena remuneração diretamente para os clientes que visitarem as lojas. O consumidor não precisa comprar algum produto para ganhar o dinheiro. Basta comprovar que compareceu no estabelecimento, fazendo a leitura de um QR Code que é colocado em um ponto visível dentro da loja. COMO FUNCIONA Os comerciantes baixam o aplicativo do PiggyPeg for Business e preenchem o cadastro com as informações da empresa. Para começar utilizar, é preciso realizar uma transferência bancária: o valor mínimo é R$ 50.00 – e o aplicativo cobra uma taxa que varia entre 10% e 15%. Os próximos passos são escolher o valor que será dado para os visitantes – as recompensas costumam variar entre R$ 1 e R$ 10,00 –, a loja que deve ser visitada, o perfil de consumidor e o período do dia. Os lojistas também têm a opção de enviar uma mensagem para o cliente, assim que a captura do QR Code for realizada. Dessa forma, é possível anunciar diretamente no celular dos visitantes. A mensagem pode chamar a atenção de novos produtos ou mostrar promoções. Quando o aplicativo começou a funcionar eram 30 estabelecimentos cadastrados. Hoje, são 300 lojas dos mais diversos segmentos, como as redes de lojas Marisa, Chilli Beans, C&C e Petz. Mas há também pequenos comerciantes. “O valor mínimo é de R$ 50. Considero um preço acessível para negócios de todos os portes”, afirma Moreira. “Além disso, o valor só é utilizado se o cliente realmente comparecer na loja. Do contrário, os créditos permanecem com o lojista.” Já há mais de 100 mil pessoas cadastradas no aplicativo – quase 45% estão na cidade de São Paulo. A maioria é formada por homens entre 18 e 35 anos. COMERCIANTES Algumas franquias da Uatt?, rede de lojas especializadas em presentes, já utilizaram o aplicativo. O PiggyPeg foi usado principalmente para atrair mais consumidores durante o Dia das Crianças. O público-alvo da marca é de mulheres e adolescentes entre 14 e 25 anos. “Tivemos um bom resultado, durante a semana do Dia das Crianças. Conseguimos converter cerca 30% dos clientes que chegaram por meio do aplicativo”, afirma Cristiano Pereira, proprietário da loja. “Pretendemos continuar usando para aumentar as vendas durante a Black Friday e o Natal.” É importante enfatizar que o PiggyPeg não garante que o visitante irá comprar algum produto. “Prometemos aumentar o fluxo e não, necessariamente, as vendas. Mas alguns comerciantes que mediram que a taxa de conversão tiveram bons resultado”, diz Moreira. Há lojistas, no entanto, que afirmam o contrário. Um comerciante de roupas femininas, que não quis ter o nome revelado, usou o aplicativo durante quatro meses e não viu nenhum resultado. “Achei a ideia fantástica, mas, na prática, não apresentou nenhuma consequência direta nas vendas”, diz o lojista. “Entraram poucas pessoas na loja por meio do aplicativo e, mesmo assim, vieram apenas atrás do prêmio. Acho que o PiggyPeg precisa de mais divulgação para ter efetividade”. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.