Consignado: boa opção de crédito

Publicado em 07/07/2014

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Depois de investir boa parte dos recursos próprios na reforma da casa – e do trabalhão que isso gera –, o metalúrgico aposentado Geraldo de Souza Machado, 75, decidiu "se dar um luxo": viajar com a mulher, Joselia, para Aracaju (SE). Para isso, se planejou e viu que as taxas baixas e o desconto direto das parcelas do crédito consignado no benefício do INSS seriam a melhor alternativa para realizar o desejo de visitar os parentes e, de quebra, descansar. Em tempos de taxa Selic em trajetória crescente desde abril de 2013 – e o consequente aumento do custo do crédito –, recorrer à modalidade voltou a ser uma das opções para quem não tem muito como fugir de um empréstimo, mas corre dos juros altos. E o mais importante, tem acesso a ela – caso dos beneficiários do INSS, servidores públicos ou funcionários de empresas privadas. E não é por menos: após chegar ao nível mais baixo da série histórica – 7,25% em 2012, mantida até abril de 2013 –, a Selic voltou a bater nos 11% ao mês após a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada em abril deste ano. Já o consignado, que acaba de completar dez anos, não só é acessível pela garantia do débito com desconto em folha, como "barato" se comparado a outras modalidades: suas taxas de juros mensais variam, na média, de inacreditáveis 0,70% a 2,14% ao mês, dependendo do banco e do prazo de quitação (dados do site do Ministério da Previdência Social). Interessa até para o credor, pelo risco baixo de inadimplência e certeza maior de pagamento. Parece muita vantagem junta, e para quem não está com as finanças em dia, especialistas recomendam: o consignado é uma boa opção para organizar as contas ao quitar dívidas mais caras. Exemplo disso é rotativo do cartão de crédito: de acordo com a última pesquisa da Proteste (associação de consumidores) com a FGV, esses juros podem chegar a 280,82% ao ano, ou 11,7% ao mês, em média – ou seja, cerca de 70 vezes mais alto que a taxa básica da economia, a Selic (veja as diferenças no quadro ao lado). Também pode financiar necessidades momentâneas –, mas desde que não se torne extensão da renda: como qualquer tipo de financiamento, exige planejamento e cuidados. "Faz todo sentido 'trocar dívidas' dessa forma, já que a modalidade é mais em conta. Basta comparar as taxas com a do rotativo do cartão, ou outras como o CDC (Crédito Direto ao Consumidor), que pode chegar a 7%. Apesar das limitações a grandes somas pela questão do desconto em folha (até 30% do salário ou benefício), o consignado é alternativa de boa negociação na hora de quitar dívidas. Mas bom mesmo é sempre ter uma reserva para isso", diz Mário Amigo, professor de finanças da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi). Ricardo Pereira, consultor financeiro do programa Consumidor Consciente da Mastercard, tem opinião semelhante. Segundo o especialista, a modalidade é interessante e se popularizou pela facilidade de acesso ao crédito com juros baixos. "Se o cartão de crédito estourou, seja qual for o motivo, o consignado é a escolha ideal para quitar a dívida mais cara. O mesmo raciocínio pode ser usado para o cheque especial", destaca. O problema, segundo ele, é que, com a euforia do acesso, houve quem "tomou gosto" por esse tipo de empréstimo e passou a usar sem cuidados: para trocar celular, pagar aluguel ou até parcelas dele mesmo. "O perigo é que muitos passaram a contar com o consignado para manter o padrão de vida – e isso não pode acontecer de jeito nenhum", alerta, lembrando que "muitos RHs" de empresas recorreram ao programa para orientar funcionários com esse tipo de problema. Fonte: Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.