Pulando as casas que levam ao equilíbrio financeiro

Publicado em 06/10/2014

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"É de pequenino que se torce o pepino". Ou seja, para aprender uma coisa direito e levar esse aprendizado para a vida toda, tem que começar cedo. Apesar de antiga e um tanto preciosista, a frase das nossas avós se encaixa bem nos dias de hoje – principalmente quando se associa crianças à educação financeira. Parece exagero mas, mais do que ensinar a usar bem o dinheiro da mesada ou do "bom princípio", especialistas não se cansam de afirmar: educar os pequenos desde cedo a administrar recursos é a melhor forma de criar adultos saudáveis financeiramente. E que tal começar em épocas como essa, próximo ao Dia das Crianças e com o Natal já em vista, quando os pequenos desejam brinquedos, jogos e eletrônicos – e, assim, não param de repetir frases como "eu quero!"? Pois foi com o foco no consumo infantil que um evento reuniu 650 estudantes com idades de 8 a 12 anos no picadeiro de um grande circo na capital paulista, durante o 1º Conefinho (Congresso de Educação Financeira para Crianças), realizado pelo portal Edufin. Eles exercitaram o consumo ao fazer compras em um minimercado com dinheiro de mentirinha, aprenderam a economizar água e energia com atitudes simples e a aproveitar bem os alimentos para evitar desperdícios. E ainda, descobriram o que é escambo, troca comercial que existe desde o "tempo das cavernas", mas que hoje usa dinheiro ou cartões de débito ou crédito como moeda. E a reação dos participantes surpreendeu. Victoria Monteiro dos Santos, 10 anos, do Colégio Santa Inês e da Casa da Solidariedade I, conta que pega no pé da família para usar recursos naturais e monetários de forma consciente. João Batista, que estuda nos mesmos lugares que Vitória e tem apenas 9 anos, gosta de poupar. Já Vitória Poggetti Lopes, 8 anos, do Colégio Rio Branco, já sabe que existe um jeito certo de consumir. "Uso a mesada para o lanche da escola, e tento deixar uma parte para comprar maquiagens e pulseiras que gosto", afirma. Não faça birra, faça economia – e ensine brincando O fato é que para a criança aprender é preciso falar sobre dinheiro evitando as frases que muitos pais dizem por osmose, como: "é caro", "não tenho dinheiro" e outras do tipo. Elaine Toledo, escritora, consultora e organizadora financeira, e autora da peça "Mãofurada e Pédemeia" ( apresentada no evento) explica que primeiro é preciso adequar a linguagem para criar essas relações na cabeça das crianças. Como associar valores com coisas que ela consome, por exemplo. "Mostre para ela quantos iogurtes que ela mais gosta dá para comprar com o valor daquele brinquedo que ela tanto quer", diz. Pegar notas de reais, mostrar os animais que ficam no verso delas e quantificar os valores de cada uma em balas também é um exemplo, como explicar que com R$ 2 dá para comprar dez balas. "Pela imagem de cada bicho, a criança começa a associá-lo com a quantidade, e assim consegue ter noção com qual deles dá para comprar mais coisas", explica a consultora. E quando se fala em "mesadas" ou "semanadas", a primeira questão que vêm à cabeça dos pais é: devo dar ou não? Segundo Elaine, o ideal é sempre atrelá-las a tarefas de casa ou ao rendimento escolar. "Só não pode atrelar o dinheiro a recompensas ou punições", destaca. Mas, para quem está acostumado com aquela famosa cena de criança fazendo birra em público para conseguir o que quer, Aníbal Teixeira, economista, consultor financeiro e autor do livro "Não faça birra, faça economia", diz que muitas vezes esse é um exemplo que vem dos pais. Muitos, sem perceber, também fazem "birra" e incutem ideias erradas de consumo desde cedo na cabeça dos filhos com frases como "eu mereço" ou "trabalho tanto" como desculpas para consumir. "Existem pais que até falam sobre educação financeira, mas não dão exemplos e costumam ceder às pressões", diz o especialista, que levou para o evento o Amazing Mini Market (minimercado fictício que tem o objetivo de ensinar relações de consumo para crianças). Diário do Comercio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.


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