Seu pãozinho em 40 segundos

Publicado em 14/04/2014

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Quanto vale o tempo gasto na fila para comprar os ingredientes de um lanche? É exatamente com base no tempo de atendimento que um empresário de São Carlos, interior de São Paulo, decidiu investir. Em pouco mais de um ano virou um franqueador e experimenta um crescimento exponencial em número de unidades comercializadas. Ele é Tom Ricetti, o fundador da Pão To Go, uma padaria que vende no sistema de drive-thru para o cliente que passa no estabelecimento para comprar pão assado, leite e frios e não quer perder tempo – e muito menos sair do carro. Antes que se suponha que esse modelo de negócios voltado para padaria foi importado, o empresário faz questão de lembrar que a ideia – no caso do tipo de produto – é dele mesmo. “Em dezembro de 2012 minha esposa pediu para comprar pão e fui com meu filho e o cachorro. Como era época de Natal, a padaria estava cheia e não tinha vaga para estacionar. Decidi tentar no supermercado, mas no final gastei uma hora e meia para comprar o produto. Em casa comemos pão duas vezes por dia. Se toda vez que eu precisasse buscar, gastasse todo esse tempo, eu estaria perdido. Então tive a ideia de abrir uma padaria para quem não quer perder tempo”, conta. Mal abriu o estabelecimento próprio, em São Carlos, Ricetti já começou a ser assediado por amigos e conhecidos interessados em obter uma franquia. E desse jeito, montando o modelo de negócio e ao mesmo tempo franqueando, ele já comercializou 112 unidades no Brasil – das quais apenas seis estão em operação. Ricetti conta que tem um franqueado Master na Argentina e vendeu quatro unidades para o exterior, que serão abertas em Los Angeles, Orlando e Miami. Apesar disso, todo o processo de franquear no exterior é mais complicado. "Já me associei à IFA (International Franchising Association), mas temos pouco tempo de vida. Não tenho três anos de balanço e o histórico é muito importante lá", destaca. O diferencial do negócio, além do próprio modelo de venda ao cliente, é o baixo custo fixo estabelecido pelo empresário. "Nesta padaria não tem chapeiro e padeiro. O franqueado recebe cinco tipos de pão congelado, além de muffin e bolo para assar e vender ao cliente. Cada estabelecimento tem dois funcionários, um que faz o pedido e outro que separa e entrega. O atendimento tem de durar 40 segundos, porque não há produção de lanche, como no McDonalds", explica. Os funcionários, diz o empresário, também se revezam para colocar o pão congelado na bandeja e apertar o botão para assar. A ideia é que, com este fluxo, o estabelecimento tenha pão quente a cada sete minutos e meio. Os pães congelados são fornecidos por seis parceiros no Brasil, que se encarregam de utilizar a mesma matéria-prima. Além disso, a padaria tem parcerias fechadas com fabricantes para vender frios, bebidas e sorvetes de determinadas marcas. Hoje, as padarias podem ter 102 itens diferentes. O tempo de atendimento é um limitador para a quantidade de produtos para se vender em cada loja. "Começamos com 30 e, agora, com 102, continuamos atendendo em 40 segundos. Só aumento o número de produtos se continuar com o mesmo tempo de atendimento", afirma. Cada franqueado escolhe o horário de funcionamento, de acordo com o seu ponto comercial, podendo operar 24 horas. "A maioria trabalha das 6h às 20h30 com dois turnos de dois funcionários, além de sábado e domingo, já que o estabelecimento vende itens para churrasco, como carvão, gelo e cerveja", completa. Como a ideia é que o atendimento seja rápido, sempre, a padaria também está desenvolvendo combos de lanche, um para a criança levar para a escola com suco, bolacha, sanduíche e bolinho. O kit será voltado para pais que não tiveram tempo de preparar a lancheira do filho. Hoje, a empresa já vende o combo com a quantidade de pão, frios, suco e refrigerante para uma pessoa ou duas. A padaria drive-thru pegou no interior e, agora, será testada na capital paulista. Ricetti já vendeu duas franquias, uma será instalada no Tatuapé (zona leste) e outra no Morumbi (zona sul). "Por enquanto, o mais complicado é obter as aprovações da prefeitura para instalar o modelo de drive-thru, por causa do impacto no trânsito. Mas acredito que o modelo será bem-sucedido por causa da comodidade. Pode passar na padaria depois de pegar os filhos na escola e não precisa sair do carro, nem tomar chuva. Ainda mais em São Paulo, onde é complicado estacionar. Isso quando não vem o flanelinha", observa. Outro projeto do empresário é criar um clube de assinaturas para o cliente fazer o pedido e escolher o horário para receber o pão. Ele também está desenvolvendo um aplicativo para celular no qual o consumidor poderá fazer o pedido, pagar pela internet e depois passar no guichê para retirar o produto. Ricetti diz que o investimento na franquia de loja grande, de 40 m2 (mas com terreno de 200 m2 para o trânsito de veículos) é de R$ 190 mil e o tempo de retorno desse valor muda de acordo com a região geográfica. "Em São Carlos, levou de 18 a 20 meses. Em Jundiaí foi em 12 meses", afirma. Para São Paulo, Ricetti vê oportunidades em outro modelo de loja que comercializa, que tem o sistema walk-thru. Nesta, o cliente retira o produto a pé. O estabelecimento pode ter 20 m2, e deve ficar em pontos nos quais haja grande circulação de pessoas, como estações de metrô e shoppings. O faturamento mensal por loja, dependendo do modelo (drive ou walk) varia de R$ 45 mil a R$ 65 mil por mês. As lojas da rede Pão to Go faturaram R$ 3,280 milhões em 2013 em seu primeiro ano de vida, e a meta é ousada. "Queremos chegar a R$ 40 milhões este ano e a R$ 80 milhões em 2015", diz Ricetti. Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor de franquias do ramo alimentício faturou R$ 23,998 bilhões em 2013, um crescimento de 16,6% sobre o ano anterior. Fonte: Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.