À beira do pessimismo

Publicado em 14/07/2014

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Se há um ano a confiança do consumidor se mantém estável e sem grandes surpresas, imagine em mês de Copa no Brasil: em junho, o Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), medido pela Ipsos, ficou em 140 pontos, contra 142 em maio e 138 em junho de 2013. E assim como nos meses anteriores, o que tem garantido a estabilidade do índice geral é o agronegócio, que por sua vez tem puxado a confiança para patamares mais altos nas regiões onde o setor é mais forte – caso das regiões Norte/Centro-Oeste, onde o indicador fechou o mês em 188 pontos contra 187 em maio, e da Sul, com 173 pontos ante 174 do mês anterior. A perspectiva para a produção de grãos neste ano é de mais de 190 milhões de toneladas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). "A estabilidade no Índice Nacional de Confiança em junho se deve ao agronegócio. É ele quem equilibra os números", afirma Rogério Amato, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo) e presidente-interino da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil). Já no Sudeste, o cenário foi diferente: o INC fechou com 130 pontos em junho, ante 135 em maio, e quase encostou na região Nordeste, que manteve a estabilidade e continuou em último lugar, com 127 pontos ante 128. "A continuação da estiagem fez com que o otimismo do Sudeste praticamente se igualasse ao de uma região estruturalmente seca", explica Emílio Alfieri, economista da ACSP. Na análise por áreas, a estabilidade se manteve nas 70 cidades do interior, com 141 pontos em junho contra 146 em maio. Nas capitais, ficou em 141 ante 144, e nas nove regiões metropolitanas, subiu para 135, ante 123 – números ainda na média dos 140 pontos, segundo o economista. Insegurança – A segurança menor em relação ao emprego continua a afetar decisões que exigem tomada de crédito, investimento ou poupança por parte do consumidor a despeito da estabilidade do índice geral. Pela pesquisa individual de confiança, 47% dos mil entrevistados consideraram sua situação financeira atual boa, ante 44% em maio e 45% em junho de 2013. Quanto à melhora da situação financeira futura, 44% tinham essa expectativa em junho, ante 45% em maio e 49% há um ano. Já os que se sentem seguros no emprego foram 31% do total, ante 33% e 36%, respectivamente. "Apesar de acreditar que sua situação financeira está mais ou menos igual à do ano passado, os dois últimos indicadores refletem um consumidor menos seguro quanto ao futuro", explica Alfieri. Quando se fala em intenção de compras de eletrodomésticos, 35% se declararam favoráveis, contra 37% em maio e 44% há um ano. "A perspectiva segue cautelosa, mas ainda supera os 30% dos menos favoráveis", completa. Já nas compras de itens de maior valor, como carros e imóveis, o placar inverteu, já que 29% são favoráveis a esse tipo de compra, contra 37% desfavoráveis. "Tudo isso reflete do comportamento do mercado de veículos e dos preços mais altos dos imóveis. Consumidor inseguro não assume compromissos mais longos, o que também reflete a queda do nível de vendas de bens de maior valor", finaliza. A pesquisa ACSP/Ipsos foi realizada entre 19 e 30 de junho, por isso não captou possíveis efeitos pessimistas na confiança do consumidor com a eliminação do Brasil no mundial.

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.